sábado, 16 de abril de 2011

VENÇA A DEPRESSÃO


VENÇA A DEPRESSÃO
Texto Lamentações 3.21-39.

INTRODUÇÃO: Como sabemos, a vida humana acontece no meio de uma guerra. O existir de cada um de nós é extremamente ambíguo.
Há dias em que estamos efervescendo de alegria; há outros em que nos liquefazemos de tristeza. Há dias em que somos cidadãos da esperança; há dias em que habitamos as regiões mais lúgubres (Tenebrosas, que indica luto) da desesperança e da infelicidade. Há dias em que somos campeões de fé; há dias em que já estamos derrotados mesmo antes da batalha.
Há dias em que amanhecemos com um canto de louvor nos lábios; há dias em que amanhecemos com a boca cheia de lamuria e de murmuração. Há dia de luz; há  dia de trevas. Há dia para tudo debaixo do sol, e nenhum de nós passa a vida inteira sem se chocar com essa dialética da existência, com o sim, com o não, com o que é, com o que não é, com o quero e não posso. Todos nós nos chocamos com isso. Essa ambigüidade às vezes instala-se em nós, e dependendo do momento, o que se cria no nosso interior é um fruto extremamente amargo, com a fisionomia da maior desesperança. A maioria de nós tem vivido de um modo ou de outro essa situação de perder a fé na vida, de esperar. Vamos ficando amadurecidos, mas algumas vezes o amadurecimento é pseudo-amadurecimento, é enrijecimento, é entorpecimento, é processo de petrificação, de embrutecimento, é situação caótica de perder a possibilidade de crer, de esperar, de empolgar, de sonhar, de ver o melhor, a libertação só vem do Senhor nosso Deus em Cristo Jesus.
I.                    A SITUAÇÃO DO PROFETA JEREMIAS
Jeremias um sai esteve assim. Aflito, esmagado, cansado, oprimido, a nação acossada pelo regime estrangeiro, pela superpotência babilônica, expansionista, que estava achatando todas as esperanças humanas. A situação interna era caótica também. Os reis foram tornando-se subservientes e foi acontecendo uma perspectiva de tremenda humilhação nacional, aonde todos assumiram o fato de que eram seres humanos de segunda categoria e, portanto, servos irremediavelmente perdidos, dos senhores babilônicos.
Além disso, havia idolatria, mornidão, desesperança, afastamento de Deus, apostasia da fé, o caos familiar instalado no país. A desgraça era o “status” na vida daquelas pessoas, e de repente, o próprio Jeremias começou a deixar contagiar-se. Amanheceu sem sonhos. Dormiu sem fé. Amanheceu no dia seguinte incrédulo. Dormiu cínico. Acordou mais que cínico...apatico. Dormiu a noite seguinte, morto de sentimentos. Mas, de repente, Jeremias para e percebe como o nervo da sua alma fora extirpado porque agora ele é insensível, nada mais o toca, vestiu-se de uma couraça interna, que é ao mesmo tempo sua proteção, seu claustro e sua prisão.
Jeremias nessa situação, ao perceber esse estado de desgraça, volta-se, confronta-e a si mesmo, sacode de si todo este mofo emocional e diz: Não! Não permitirei que a minha mente seja um baú de más recordações. Não permitirei que a minha mente seja um poço de amarguras. Não vou permitir que a minha mente seja uma teia a aprisionar todo tipo de insetos malévolos que fazem zumbidos ruins, conservando-os aqui dentro de minha cabeça. A minha mente não será a memória da dor. Eu “quero trazer á memória o que me pode dar esperança”. Esse versículo 21 é de uma grandeza extraordinária. Eu “quero trazer a memória o que me pode dar esperança”.
Como estamos vivendo hoje? O que é que tem ocupado o nosso pensamento? O que tem dominado a nossa mente?  O que é que tem de alguma forma, açambarcado todas as nossas idéias? O que é que tem constituído os grandes temas dos nossos raciocínios? Alguns de nós só temos pensado na perda, na humilhação, na frustração, no abandono, seja de esposo ou esposa, na indiferença ou na ingratidão dos filhos, no golpe que nos deu aquele a quem nós tratávamos com carinho. Alguns de nós só temos conseguido nos lembrar dos caos, e vivemos ai nessa câmara de ecos horríveis que nos vêm do passado. Podemos mudar esse quadro!
II.                  RAZÕES PORQUE DEVEMOS TER ESPERANÇA
2.1  Misericórdia Divina
A primeira delas é o fato e que o Deus ao qual servimos é misericordioso. “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã”. O problema de Jeremias era como estar acordado. De manhã, ele era um poço de amargura. Então ele diz: “quero trazer a memória o que pode me dar esperança” e o que podia dar-lhe esperança? As misericórdias do Senhor! O fato é Deus é o Deus que renova as coisas. Que as misericórdias dele existe sob o signo (sinal) do novo, renovam-se cada manhã. Misericórdias não se congelam, como os nossos “pacotes” (congelamento de preços), graças a Deus!
2.2  Fidelidade do Senhor
A segunda coisa que ele traz a mente é a fidelidade do Senhor, porque essa misericórdia não é mero emocionalismo divino. É uma misericórdia patrocinada pelo caráter de Deus. Não é porque Deus teve um caráter de misericórdia para conosco, que se engraçou com a nossa vida. Não! A garantia de que a sua misericórdia veio e continuara vindo, é a fidelidade de Deus.
2.3  Deus não tarda
A terceira coisa que Jeremias traz á mente, a fim de alertar-se é o fato de que Deus aparentemente tarda, mas a sua “intervenção” na verdade chega. Aos nossos olhos pode ser uma postergação (deixar para traz) definitiva, um protelamento estranho de Deus à situação que nos possa estar acometendo.
2.4  O trabalho de Deus
A quarta realidade que Jeremias traz á mente, para vencer sua depressão, é o fato de que nesse trato difícil, onde a circunstancia se encastela em volta de nós, estabelecendo uma situação de dor e de aprisionamento, Deus está trabalhando no meu caráter. “Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade. Assente-se solitário e fique em silencio; porque esse jugo Deus pôs sobre ele; ponha a boca no pó; talvez ainda haja esperança.” (Lm 3.27-29).
De um modo ou de outro. É preciso aprender que as circunstancias de opressão acabam se tornando no gigante mais terapêutico que qualquer caráter possa, de fato, receber. E o que hoje me angustia é de fato, a cirurgia de Deus para a minha cura, para a amputação de apêndices existenciais que a mim de nada servem.
2.5  Mansidão
Jeremias prossegue dizendo que o quinto elemento indispensável para reabilitar a esperança na mente, é uma atitude de “mansidão”. Ele diz: “Dê a face ao que o fere, farte-se de afronta”. Ao invés de transformar as ações de uns para com os outros, faça com que essas ações batam e morram. Senão, começa o ciclo de desgraça, da violência e da morte.
2.6  Compaixão
Em sexto lugar, ele diz que eu restauro a minha esperança quando entendo e creio no fato da “compaixão” Divina. Isso é mais do que misericórdia. O versículo 32 diz que Deus sempre usa de compaixão. Ele não deixa ninguém triste para sempre. O interesse dele não é de ver-nos cabisbaixos, arrasados, encurvados, flexionados ante a vida, mas ele vai se compadecendo de ver a situação que hoje nos envergonha, nos humilha e que rompe os nossos horizontes. Ele vem ao nosso encontro e diz: “sim eu estou aqui”. Ele estende a mão, é Emanuel, Deus conosco, Deus de misericórdia, da proximidade, do livramento. A esperança adormecida pode ser curada quando trago a mente, na verdade, o fato de que Deus ao qual servimos é o Deus da justiça.   
2.7  Intervenção Divina
Em ultimo lugar, ele injeta força na sua esperança anêmica, crendo e afirmando a soberania divina. Deus está sobre tudo. Não como Maomé ou Alá dos maometanos. Fatalista e impassível ante a existência humana. Está sobre tudo, não na perspectiva dos deistas, que crêem num Deus que criou o cosmos, alienou-se para fora dele, e agora é o único espectador dessa dramática existência humana. “Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor não o mande? Quem é? Quem é que pode dizer: Assim será, e isso vai acontecer sem que Deus, de alguma forma, não tenha permitido?
CONCLUSÇAO: “por que, pois, se queixa o homem vivente?” Pergunta ele. Por que estou nessa desesperança toda? “queixe-se cada um do seu próprio pecado”. Ao invés de ficarmos com lamurias, por que Deus não veio, chegou atrasado, não apareceu e não fez, por que estou assim, desempregado, aflito, angustiado, deprimido, abandonado? Nada! Por que você se queixa homem vivente? Você está vivo, e esse é o maior patrimônio que se pode ter. Você está consciente de si mesmo, com a carne quente, nesse mundo, com o sangue correndo nas veias e com chance de se decidir por Deus e pela vida que Deus cria já, aqui e agora. Se você quer se queixar de alguma coisa queixe-se das suas incoerências, queixe-se dos seus pecados, das discrepâncias da sua vida. Traga à memória o que lhe pode dar esperança.     E          u “quero trazer à memória o que me pode dar esperança”.        Pb. João Batista de Lima.

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