sábado, 28 de abril de 2012

Seminário Evangelístico foi benção!

Em 25 a 28 de Abril aconteceu em Morada Nova Ceará a 1ª edição do Seminário de Evangelização do Projeto Rumo ao Sertão, com o apoio da IPB em Morada Nova. Mais uma vez, os participantes tiveram a oportunidade de assistir a palestras promovidas por professores com um vasto conhecimento e também de refletir sobre temas relacionados à realidade do homem sem Deus, nos depoimentos da Irmã Maria Luiza uma das que aceitaram a Cristo nesse seminário, disse ela: “Eu não sabia o quanto era importante um seminário como esse que mudou a minha vida”. Durante o seminário os principais nomes de destaque foram. Rev. Marcos Severo, Rev. Djalma Bezerra, Rev. Giovanni Almeida, que discorriam temas como: Jesus Cristo, Graça, A fé, E a Bíblia. A qualidade do atendimento ao estudante, crédito, competência dos preletores foi fundamental. Além disso, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer com exclusividade o Projeto Rumo ao Sertão em seu ponto mais amplo na qualidade de seus Reverendos. O resultado positivo dos eventos anteriores, a pertinência dos temas abordados durante o seminário, o crescente interesse dos alunos em refletir sobre a realidade dos mesmos, trocar informações e experiências, além de buscar soluções de forma integrada explicam o sucesso do Seminário Jesus Cristo Caminho Verdade e Vida. Participaram representantes da Igreja Presbiteriana de Caraúbas/Rn: Rev. Giovanni Almeida e sua Esposa Assunção Almeida, o Presbítero Eduardo Paulo da Silva com sua esposa Lindaci Silva e seu filhinho Ezequiel Paulo, além de Francisco das Chagas. Rev. Marcos Severo de Amorim e Rev. Djalma Bezerra que pregou no encerramento e José Hélio que foi enviado pelo Pr. Marcos Severo. Porém, o que mais chamou a atenção dos organizadores e palestrantes foi a qualidade e o nível de interesse do público. Visto a quantidade de questões feitas aos participantes, que também se surpreenderam com a presença de muitas pessoas na noite de sexta feira dia 26. Tal cenário, confirmou a importância de eventos como o Seminário oferecido pelo Projeto Rumo ao Sertão para a evolução Espiritual e educacional da Sociedade e lançou novas idéias e propostas para futuros encontros. Afinal, são muitos desafios que devem ser enfrentados e, como foi discutido no evento, somente ações integradas no poder do Evangelho são capazes de vencê-los. “Nós precisamos de mais encontros como esses para debater, criar oportunidades e, principalmente, promover a Glória de Deus e trazer liberdade aos cativos de coração. No entanto, o mais importante de tudo isso é, a maneira como serão aplicados os conceitos e princípios aqui discutidos”, Soli Deo Gloria! conclui João Batista de Lima Pr. Do campo em Morada Nova.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Crer é também agir

Em 1972 em Londres, John Stott lançava um pequeno livro que foi referência para o cristianismo de sua época: “Your Mind Matters” que ficou conhecido em português como “Crer é também pensar”, publicado seis anos mais tarde no Brasil. Nesse livreto Stott escreveu sobre a expressa dicotomia existente entre a Fé e a Razão visando demonstrar que não são mutuamente-excludentes, mas mutuamente necessárias no exercício da fé cristã. Provavelmente o que moveu Stott a escrever esse livro foi o avanço da ideologia de que a fé cristã é uma expressão de uma crendice infundada e que não se pode explicar, e não uma Fé que Pensa e Conhece. Essa foi a marca fundamental desse livreto, mas muitos dos seus leitores provavelmente se esqueceram do modo como o autor encerra seu livro: Ele nos convida a evitar o intelectualismo estéril da fé. Uma das grandes decepções do intelectualismo da fé é sua capacidade de conduzir cristãos à reflexão inerte, que nada faz. Esse modo de viver a fé de nada adianta: A Fé ensinada pelas Escrituras implica em ação. Em Romanos 1.5, Paulo demonstra isso ao usar uma expressão muito interessante: “por quem [Jesus Cristo] recebemos a graça e a missão de pregar para louvor do seu nome, a obediência da fé entre todas as nações” (BJ). Essa pequena expressão é de altíssima significância: Em primeiro lugar ela nos demonstra que a obediência da fé era o conteúdo da missão dos apóstolos. Observe que a expressão “missão de pregar” foi traduzida em outras versões (ARA, NVI) por “apostolado” em referência ao ministério de Paulo. Ou seja, por intermédio de Jesus Cristo Paulo pregava a obediência da fé entre os gentios: “Porque não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu intermédio, para conduzir os gentios à obediência” (Rm.15.18; cf. Rm.10.3, 16). Em segundo lugar ela nos ensina que para Paulo a aceitação da mensagem de Cristo é entendida como um ato de obediência à Vontade de Deus (cf. Jo.6.40). Ou seja, exercer fé (crer) para Paulo estava relacionado a uma postura prática de submissão a Deus, o que implica no abandono das vontades pessoais, a submissão às vontades do pecado e a completa sujeição ao Senhorio de Deus: “uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça” (Rm.6.18); “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm.6.22). Em terceiro lugar ela nos ensina a pensar na fé como um ato essencialmente prático. É bem verdade que a fé é fundamentada não na sabedoria humana, mas no poder de Deus (1Co.2.5) que é oferecida graciosamente por Deus como um presente imerecido (Ef.2.8), mas é recebida por aqueles que “glorificam a Deus pela obediência da vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo” (2Co.9.13). Portanto, temos que nos lembrar constantemente da funcionalidade da nossa fé em submissão ao nosso Deus, na realização de Sua vontade em uma vida em conformidade com Seu caráter. Não podemos ter a fé somente como um conjunto de informações sobre nossa religiosidade (credo): A Fé que recebemos nos conduz a uma vida de boas obras, que o Próprio Deus preparou para realizarmos(Ef.2.10). Que sejamos assim: homens e mulheres cheios de fé que conduzem muitas pessoas à obediência da fé em Cristo Jesus (At.11.24). Marcelo Bert Por Pr. João Batista de Lima Fonte: [ NAPEC ]

sábado, 14 de abril de 2012

O choro hoje foi de alegria!

O choro de alegria!
Por muito chorei, e choro, de tristeza pelo mundo, mas há pouco andei chorando de alegria (Sim, Lara). Engraçado que quando muito triste, choro, e quando extremamente feliz, choro também. Essa condição me espanta! Creio que expressamo-nos mais pura e sinceramente através do choro. Uma vez disse – e continuo dizendo – que apenas realmente conhecemos alguém depois de ver esse alguém chorando, orando ou extremamente irritado. Quem chora geme na alma e não está se importando com o julgamento do outro. Quem ora a Deus não pode esconder o que pensa ou sente. Quem está extremamente irritado “deixa a boca falar do que o coração está cheio” (Lucas 6:45)
O choro pela tristeza envolve uma dor pelo sofrimento alheio que é impronunciável, e a única maneira de expressá-la é através do gemido da alma – talvez seja por isso que, como está escrito, o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis, aliás, acho interessante que o verbo “orar” pode ser encontrado como parte do verbo “chorar”. E como cristãos devemos chorar. Jesus disse “bem-aventurados os que choram”. Entristecer-se faz parte da felicidade do cristão. 3 novos decididos e dois viram chorando e dizendo eu quero Jesus em minha vida..... Enquanto eu dizendo que, nós precisamos dizer assim. Senhor me aceite para que eu não vá para o inferno!fazia muito tempo que eu não presenciava um momento como esse, pessoas chorando enquanto diziam que queriam a Jesus em um Estudo Bíblico com 15 pessoas presentes fora as crianças.
Deus é Deus que faz como ele quer e não para nos agradar.
Soli Deo Gloria! Pr. João Batista de Lima
A palavra de Deus em Eclesiastes 7:3 diz: "Melhor é a mágoa do que o riso, pois com a tristeza do rosto se faz melhor o coração".

APRENDENDO A EVANGELIZAR

APRENDENDO A EVANGELIZAR
Extraído do livro APRENDA A EVANGELIZAR do Pr. José Pontes Filho.
Por João Batista de Lima
Já sabemos que fazer missões é a missão principal da igreja de Cristo sob a face da terra. Nos primeiros tempos, tempos da igreja primitiva, ninguém precisava reafirmar isso porque isso estava no sangue de cada servo de Deus. Por onde eles iam, anunciavam as boas novas de salvação ao povo. Mas ao longo dos tempos, a igreja se institucionalizou, criou templos e neles os seus membros se limitaram a trabalhar. A missão sofreu mudanças, em vez de irmos, segundo a ordem de Jesus, passamos a esperar que as pessoas entrassem nas igrejas para ouvir o evangelho. Essa mudança de atitude foi transformando a igreja num clube ou até mesmo ponto de encontro dos servos de Deus, mas não foi para isso que Jesus criou a igreja.
Introdução:
Evangelizar sempre foi e sempre será uma prioridade nos planos de Deus para os seus servos. Desde o livro de Genesis até o Apocalipse, encontramos inúmeras vezes lições de homens e mulheres transmitindo a mensagem de Deus para a conversão de outros semelhantes seus.
Quando Deus planejou o resgate do homem caído, Ele o fez como alvo central de sua vontade e é exatamente isso a GRANDE VONTADE de Deus, seu maior anseio., o máximo de todo seu projeto da humanidade, ou seja, o resgate e a conversão daquele que está perdido, e isso só é possível através da mensagem salvadora do evangelho, através do evangelismo transmitido pelos salvos em Cristo. Enquanto o evangelismo é prioridade para Deus, esse mesmo evangelismo é a obra que o diabo mais detesta. Por quê? Porque é exatamente através da mensagem pregada que o homem é transportado do reino das trevas para o reino da luz, e ele, o diabo, perde seus escravos seguidores, é devido a esse fator que a evangelização é o alvo central que o inimigo quer destruir, ele lutará com todas as forças para que a igreja e os crentes parem de evangelizar.
Por outro lado, vemos que, em toda a história da igreja até os nossos dias, evangelizar sempre foi a tarefa de poucos, talvez 90% dos nossos crentes nunca experimentaram o gozo de ver uma alma salva, nunca evangelizaram seus familiares, colegas, vizinhos etc. outros ainda acham que evangelizar é só para pessoas formadas, como pastores, missionários evangelistas, presidentes de jovens etc...
Observamos que essa ideia já está mudando e muitos cristãos “comuns”, leigos, estão despertando e entendendo o seu papel no corpo de Cristo, ou seja, frutificar para glória de Deus. Dentro desse despertamento, encontra-se um grande problema, muitos estão querendo evangelizar dentro dos seus lares, na sua profissão, na escola e em todo seu campo de ação, mas sentem-se incapacitados, sem conteúdo bíblico, sem uma orientação lógica, sistemática e om pouco preparo para enfrentar as terríveis heresias que estão espalhadas por todos os lugares. Ainda há outro agravante, que é a popularização do evangelho; cantores famosos se dizem crentes, temos hoje centenas de emissoras de rádios evangélicas, redes de TV, propagandas variadas, grandes espetáculos evangélicos, culto da prosperidade, culto da amizade, culto dos empresários, culto dos artistas e ainda o grande movimento carismático católico cantando nossos hinos, profetizando, falando em línguas, evangelizando e realizando grandes cultos de oração. Além de tudo isso, ainda temos, bem crescente em todo o Brasil, o ecumenismo entre evangélicos, católicos, espiritas etc.
Nunca em nenhum tempo foi tão difícil discernir o certo e o errado, o que é evangelho puro e o que não é. O que é licito dentro da evangelização ou não.
Como evangelizar minha família?
Como evangelizar meus vizinhos?
Qual o papel prioritário dos profissionais liberais?
Qual o papel dos empresários evangélicos?
Como pregar um evangelho puro no meio de tanta confusão teológica?
Afinal, o que Deus quer de mim?
São respostas para essas perguntas que esta serie de postagens procuram trazer; de forma simples, essencialmente bíblica e objetiva. Necessitamos urgentemente resgatar a pureza, a simplicidade, o poder e o conteúdo sem variações do evangelho de Cristo, para que possamos gerar verdadeiros discípulos de Cristo, que O amem acima de tudo, e transmitam de forma incansável a sua mensagem salvadora onde estão plantados, e até os confins da terra.
“Nisto é glorificado o meu Pai, em que deis muitos frutos; e assim vos tornareis meus discípulos”. João 15.8

O QUE É O PURO EVANGELHO DE JESUS CRISTO

Porque ninguém pode lançar outro, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. I Cor 3.11
O evangelho de Cristo é o plano de Deus concretizado através da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, pelo qual o ser humano é liberto da escravidão do pecado e da condenação eterna. O apóstolo Paulo escreve aos Romanos, cap. 1. Versos 16 e 17: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que Nele crer... Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho...”.

O evangelho são as boas novas de Deus para o homem perdido, é Deus reconciliando o ser humano com Ele mesmo, pois no Éden, quando do pecado de Adão, todos os seres humanos foram feitos pecadores e se tornaram inimigos do Deus Santo, escravos do pecado e condenados ao inferno eterno. ...todos... Estão debaixo do pecado: Como está escrito: Não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram... Rm 3. 9-12 a
Pois todos pecaram e estão longe da glória de Deus. Rm 3. 23
Deus enviou seu filho Jesus Cristo à terra para nascer como homem, viver como homem e sofrer terríveis males terrenos tudo por amor e resgate do homem pecador. A glória do Evangelho é o eterno e imensurável amor de Deus em busca da ovelha perdida. A essência do evangelho está em salvar a alma do homem das garras do diabo, da escravidão do pecado e da perdição eterna.

A obra primaria de Cristo nunca foi dar ao homem prosperidade material e um “céu” aqui na terra, nem tão pouco livrá-lo de tribulações, doenças ou sofrimentos na terra; essas coisas podem acontecer normalmente, mas nunca como prioridade absoluta na obra que Cristo fez na Cruz. O puro evangelho de Cristo é Ele mesmo Salvando-nos do inferno eterno e aqui na terra vivermos uma vida para sua glória, tendo comunhão com Ele, comunhão com os nossos semelhantes e ensinando a sua mensagem aos perdidos sem esperança. ...a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não insultando aos homens os seus pecados... 2 Co 5. 19

QUEM DEVE EVANGELIZAR

E TUDO PROVEM DE Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o MINISTERIO DA RECONCILIAÇÃO 2 Co 5. 18
Começo este artigo com a seguinte afirmação: Nem todo crente é chamado pra fazer missões, indo às tribos indígenas, às distantes nações ou rincões sertanejos; mas todo crente verdadeiro tem um chamado especifico, que é o de evangelizar no meio em que vive. No livro de Efésios capitulo 4 vs 11 está escrito que o próprio Jesus, no meio da sua igreja, escolheu uns para apóstolos, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres. O texto fala de alguns e não de todos. O mesmo se aplica aos dons espirituais, que o próprio Espirito Santo distribuiu na igreja; Ele o fez, não escolhendo os mais “santos”, os merecedores ou os especiais no rebanho, mas com quem lhe apraz (veja 1 Co 12. 4 a 11), para um fim proveitoso na igreja. Nem todos tinham o dom de curar, nem todos tiveram o dom de línguas, nem todos têm o chamado para ser pastor, e assim por diante.
Na nossa cultura, doente pelo capitalismo cruel e pela aparência exagerada, fizemos uma certa distribuição de valores de status evangélico, ou seja, aqueles que falam em línguas, profetizam, são eloquentes na pregação e aparecem na mídia, são tidos como mais abençoados e espirituais, esses são requeridos, buscados até idolatrados, enquanto o crente “comum” se sente incapaz de cumprir alguma missão dentro do corpo, ele é apenas um consumista dos produtos evangélicos e um espectador das inúmeras programações da sua Igreja. CONTINUA....

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Três falsos evangelhos: prosperidade, terapêutico e missão integral..

Por José Bernardo
Como Satanás está arrastando milhares de adolescentes e jovens para fora da Igreja e para longe da fé? Porque a Igreja não está sendo capaz de perceber e conter essa evasão? Onde toda essa maldade e destruição estão se apoiando? Um olhar cuidadoso para o cenário faz perceber que a estratégia usada pelo inimigo tem sido um ‘cavalo de troia’, belo por fora e cheio de destruição por dentro: a religião do ‘bem estar’.

Apoiado em uma interpretação flexível da própria Bíblia, o inimigo vem minando a fé bíblica da igreja evangélica e substituindo por essa nova religião, ainda difícil de distinguir para muitos, mas definitivamente oposta ao que Jesus ensinou. Há três correntes principais desse neo-paganismo, três falsos evangelhos que a grande maioria dos crentes está seguindo para longe de Cristo. Tais evangelhos não tem poder para salvar, não oferecem os elementos para a perseverança na fé. Adolescentes e jovens aprendem tais heresias de seus pais e essa é uma razão central de seu desvio.

Primeiro, enumeremos esses três ataques malígnos:

O evangelho do bem estar material – ou a teologia da prosperidade, movimento religioso surgido nas primeiras décadas do século XX nos Estados Unidos da América. Sua doutrina afirma, a partir da interpretação de alguns textos bíblicos como Gênesis 17.7, Marcos 11.23-24 e Lucas 11.9-10, que quem é verdadeiramente fiél a Deus deve desfrutar de uma excelente situação na área financeira, na saúde, etc. Não mais capaz de seduzir a população norte-americana que emergiu das crises econômicas no pós-guerra, esse falso evangelho foi despejado na América Latina por tele-evangelistas, rapidamente absorvido aqui pelo nascente movimento neo-pentecostal e é hoje refugo lançado covardemente contra a África por uma equivocada ação missionária.

O evangelho do bem estar psicológico – movimento que visa a descoberta e o tratamento de problemas emocionais, como medo, complexos, baixa auto-estima, no intuito de que as pessoas sejam tratadas no espírito, na alma e no corpo, com ênfase na cura da alma. O movimento, também originado nos Estados Unidos, resultou do esforço de manter a Igreja atraente para uma sociedade cada vez mais materialista e egocêntrica e têm raízes, tanto no evangelicalismo histórico, como no movimento carismático. Entre os evangélicos históricos surgiu no condicionamento do aconselhamento cristão pela psicologia e psicanálise, entre os pentecostais, dos esforços de cura interior. Ambas as correntes proliferaram a partir dos anos 80 com a enxurrada de livros evangélicos de auto-ajuda e hoje são um mal perfeitamente institucionalizado.

O evangelho do bem estar social – é um movimento essencialmente político que utiliza elementos do Cristianismo como alegoria para facilitar a disseminação de idéias de diferentes pensadores socialistas. Seus defensores a apresentam como, por exemplo, “uma interpretação da fé cristã através do sofrimento dos pobres, sua luta e esperança, e uma crítica da sociedade e do cristianismo através dos olhos dos pobres”. O movimento surgiu no seio do catolicismo Latino Americano, na esteira da influência marxista, foi fortemente combatido e diminuido pela Igreja Romana, proliferou entre ditos evangélicos em alguns países da América Hispânica e influenciou o evangelicalismo brasileiro com mais força a partir dos anos 80.

Diagnose do insólito

As causas dessa monstruosidade espiritual
Embora pareçam propostas diferentes, as três correntes religiosas são extremos próximos, identificados por três ensinos heréticos centrais: a) Antropocêntrismo – O cristianismo defende a centralidade de Deus e apresenta o ser humano como inútil e sem valor, as três teologias malígnas retomam o ser humano como centro de tudo e fazem Deus gravitar ao redor de suas necessidades, desejos e ações; b) Temporalidade – O cristianismo aponta para a vida na terra como uma passagem de provação para um mundo novo e eterno, as três teologias corrosivas se concentram no que pode ser obtido imediatamente, fixando a quem pode seduzir no que é presente, temporal e passageiro; c) Materialismo – O cristianismo aponta para as coisas espirituais, invisíveis, as três correntes teológicas cativam seu público ao que é material e carnalmente desfrutável, são evangelhos da sensualidade.

Os falsos evangelhos da prosperidade, terapêutico ou da libertação se contrapõe ao verdadeiro Evangelho do Reino, que anuncia o governo soberano de Deus em Cristo sobre a vontade humana e leva ‘cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo’ 2Co 10:5. Tais evangelhos são produzidos pelos inimigos da cruz, seu deus é o ventre (Fp 3:19).

A endo-apologia combaterá com dificuldade esses ataques malígnos. Os falsos evangelhos se mimetizam com capricho, usando o vocabulário dos evangélicos, suas expressões e a própria Bíblia para surpreender e destruir a fé bíblica. Esses falsos evangelhos promovem uma interpretação flexível das Escrituras, baseada principalmente na dedução e em um criticismo pretensamente acadêmico e energicamente desconstrutor. No discurso, usam e abusam do palavrório apaixonado, como se estivessem militando por uma grande causa e, quando não funciona, abundam na irreverência, no sarcasmo, na ironia e na zombaria. Todas os três praticam também uma contra-apologia preventiva, acusando de reacionários, desumanos, anti-cristãos e fundamentalistas aqueles que se atrevem a ir contra suas ambições egocêntricas, temporais e materialistas. Dessa forma surpreendem, sequestram e escravizam uma igreja que deixou as Escrituras de lado para abraçar o sensacionalismo.

Mas o aspecto mais venenoso de tais falsos evangelhos, é que são virais, não estão baseados nas teologias alucinadas que os geraram, mas nas características de seus hospedeiros. Quando o apóstolo Paulo nos preveniu disso, disse: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas…” 2Tm 3:1ss. Não é a teologia maligna, principalmente, que faz essa maldade prosperar, mas a natureza egoísta que impede os seres humanos de clamarem pelo verdadeiro Evangelho do Reino: Seja feita a Tua vontade, ó Deus. Egoístas, egocêntricos, esses são os hospedeiros de evangelhos oportunistas, que contagiam os mais jovens e causam seu desvio.

Fonte: [ Evangeliza Brasil ]

segunda-feira, 2 de abril de 2012

PORQUE EU ACREDITO QUE ESTAMOS VIVENDO O MILÊNIO. Parte Final

Por. Pb. João Batista de Lima
DAS PASSAGENS CONSIDERADAS DECISIVAS PELOS MILENARISTAS
Romanos 11
Os pré-milenaristas e os pós-milenaristas apelam para essa passagem como provedora do apoio significativo à sua posição.
Contudo, deveria ser enfatizado que a conclusão de Paulo em Romanos 11, que prediz uma futura conversão em massa do Israel étnico antes do retorno de Cristo, não prova, por si só, a correção de qualquer posição milenar particular. Afinal, essa explanação não foi apresentada somente por pré-milenaristas e pré-milenaristas, mas também por alguns destacados amilenaristas. Stanley Grenz insistiu que “o apóstolo antecipa claramente a futura conversão de Israel em grande escala, um evento que introduziria um glorioso dia para o mundo inteiro” . Grenz, porém, nota que tal esperança “não requer um reinado terrestre milenar de Cristo, pois a conversão de Israel poderia facilmente preparar tanto para a inauguração do Estado eterno, quando para a dourada era terrena”.
A alegação de Grenz de que em Romanos 11 o apostolo prediz “claramente” uma futura conversão nacional de Israel é discutível, como veremos. Mas o que é inegavelmente claro é que em toda essa seção da epistola, na qual Paulo focaliza especialmente a questão do lugar dos judeus no plano divino de salvação (caps. 9—11), ele não diz uma palavra sobre o retorno dos judeus à Terra Prometida, ou sobre um reino milenar no qual Cristo reinará em Jerusalém; nem há ali referencia clara à “era dourada” antes do retorno de Cristo, na qual este mundo será amplamente cristianizado. O amilenarista pode “relaxar” enquanto estuda essa passagem, sabendo que as posições milenares não estão em jogo.
No capitulo 9.1-5, Paulo inicia sua resposta pelo reconhecimento de que Israel ainda era realmente escolhido por Deus e assim o possuidor das mais elevadas bênçãos espirituais, e pelo reconhecimento, com grande tristeza, de que seus companheiros judeus (em sua maioria) não estavam agora usufruindo a bênção da salvação em Cristo. Mas, iniciando no versículo 6, ele rejeita a implicação falsamente extraída desse fato: “Não pensemos que a palavra de Deus falhou. Pois nem todos os descendentes de Israel são Israel”. Como poderia Deus rejeitar nação a que havia escolhido? A resposta de Paulo: Eleição e nacionalidade não são igualmente inclusivas. Que Israel seria abençoado, não significa necessariamente que toda nação seria bendita. O verdadeiro Israel consiste nos filhos da promessa, a eleição da graça, e eles foram abençoados. Paulo fornece uma serie de exemplos para mostrar que os meros descendentes de Abraão não têm garantida a posse das bênçãos prometidas ao patriarca.
No inicio do capitulo 11 o apostolo repete o argumento do capitulo 9. Deus tem seu verdadeiro Israel, seus eleitos, mas essa eleição não é coextensiva a toda a nação. O próprio Paulo é um exemplo de judeu eleito (11. 1). Até Elias aprendeu que o remanescente eleito é contado como sete mil em seus dias, “hoje há também um remanescente escolhido pela graça” (11. 5).
Mas o fato é que Paulo consistentemente apresenta apenas uma resposta nos capítulos 9—11, a saber, que rejeição de Israel não é total e que nem todos os de Israel são Israel. Romanos 11 trata do lugar de Israel nos propósitos redentivos de Deus no tempo presente, e não em um tempo futuro. A esse respeito, veja Apocalipse 2. 25,26: Lucas 21. 24; 1Co 11. 26; 1Co 15. 25.
O que o apostolo Paulo ensina em Romanos 11. 25 é que o endurecimento por parte do Israel étnico continuará até que o numero completo dos gentios tenha vindo. Enfatizamos que o tema de Paulo nesse capitulo é o processo do “movimento de onda”, pelo qual a salvação vem tanto para gentios quanto para judeus por intermédio desta era evangélica. Embora esse seja um processo que está agora em operação, ele é um processo. Quando Paulo fala da “plenitude” de Israel (v. 11), “todo Israel” (v. 26), e a “plenitude” dos gentios (v. 25), ele está olhando para a conclusão do processo e de seus resultados. De acordo com o apostolo, a gloriosa bênção que será o resultado da plenitude dos eleitos gentios e da plenitude dos eleitos judeus, agregados à família de Deus pela fé, será nada menos do que “vida dentre os mortos” (v. 15). Isto é, o dia da ressurreição terá chegado. Com a entrada da plenitude de Israel e dos gentios, propósitos redentivos de Deus estarão cumpridos. Não haverá então período algum adicional à história, para delongar a realização das bênçãos da redenção.
Apocalipse 20.1—10
Obviamente, essa passagem, o único lugar na Bíblia em que aparece a referencia aos “mil anos”, é uma das mais significativas para nossa discussão.
Os amilenaristas concordam que se uma verdade é ensinada com clareza na Bíblia, ela deve ser crida—mesmo que seja ensinada em um só versículo. “A abordagem exegética deve sempre preceder a teológica [...] Ninguém pode aproximar-se das Escrituras com um sistema escatológico e ajustar os outros escrituristicos a ele”. Precisamos, certamente, concordar que essa é uma abordagem saudável de qualquer passagem bíblica. Fazemos, contudo, duas perguntas:
1) Os pré-milenaristas são fiéis a esse principio em sua interpretação das Escrituras? Cremos que Benjamim Warfield estava correto em seu julgamento de que
Houve muito menos interpretação tendenciosa (interpretação parcial) de Apocalipse 20 no interesse de teoria preconcebida, do que houve interpretação tendenciosa do resto da Escritura no interesse de questões derivadas da má compreensão dessa obscura passagem.

2) Será que esse é um principio valido de interpretação bíblica, que porções menos claras e mais difíceis da Bíblia sejam interpretadas á luz das partes mais claras, a poesia á luz da prosa, o figurativo á luz do literal? Isso não é a mesma coisa que dizer que a interpretação pré-milenarista de Apocalipse 20 esteja perfeitamente correta e sem qualquer problema de exegese. Mas devemos questionar se deveríamos estar dispostos a colocar de lado todo o NT, ou forçar interpretações artificiais com base em uma breve passagem em um apocalipse que admitidamente é altamente figurativo, rico em símbolos e, portanto, um tanto difícil.
Como escreveu Archibald Hughes: “É fundamento muito precário, em um livro de visões simbólicas, apanhar tal frase—‘mil anos’—e fazer dela um alicerce sobre o qual levantar uma superestrutura de um completo sistema interpretativo”.
Ao apresentar agora uma breve interpretação de Apocalipse 20. 1-10, um esboço de sete tópicos pode ser útil.
1) Observe que nada há na passagem que forneça alguma sugestão que deva ser relacionada às profecias veterotestamentária que falam de uma era vindoura de glória
Nacional para Israel. Essas passagens relatam a herança da Canaã terrestre e a glória para Jerusalém terrestre. Não há nada sobre isso em Apocalipse 20. Ele fala sobre um reino eterno. Então, à primeira vista, poderia parecer que a presente passagem e essas profecias do AT não estão falando do mesmo assunto. Finalmente, não há nada nessa passagem apocalíptica que evidencie um elo entre elas.
2) A ordem na qual as visões aparecem no livro do Apocalipse não é, necessariamente, a ordem de cumprimento. Parece que o final do capitulo 19 nos leva diretamente ao final da era, à segunda vinda de Cristo, à grande batalha final, ao julgamento da besta e do falso profeta. Isso não quer dizer que o capitulo 20 fala do que acontecerá em seguida. As visões ali retratadas podem levar-nos à primeira vinda de Cristo e ao começo da presente era evangélica. Nesse caso, esse não seria um fenômeno único nesse livro. Talvez o exemplo mais claro de um retorno abrupto ao começo da igreja seja encontrado no capitulo 12. Em 11.18, lemos que chegou “o tempo de julgares os mortos”. Fomos levados ao final da era no encerramento do capitulo 11. Com o capitulo 12, porém, voltamos ao começo do período do NT, com uma visão figurativa do nascimento de Cristo e de sua ascensão ao trono de Deus. Se isso pode acontecer nos capítulos 11 e 12, não podemos excluir a possibilidade de que, nos capítulos 19 e 20, também somos levados em visão à segunda vinda de Cristo, e a seguir trazidos de volta à primeira vinda. Não devemos simplesmente supor que o capitulo 20 tenha de descrever eventos que acontecem depois dos acontecimentos descritos no capitulo 19.

3) Há duas visões em Apocalipse 20. 1-10 unidas pela frase “mil anos”. Assim, podemos concluir que as duas são contemporâneas. Não obstante, elas são visões separadas. Os versículos 1-3 e 7-10 caminham juntos. Eles falam sobre Satanás: Satanás amarrado e Satanás liberto. Os versículos 4 e 6 são um pouco parentéticos e nos dão uma visão distinta de almas, de tronos e de reinado. Entendemos que uma das visões se refere a certos eventos terrenos, e que a outra visão trata de uma porta aberta numa situação celestial.

4) Como devemos interpretar o símbolo de Satanás sendo “amarrado”? O capitulo 12 já falou de certa restrição ao dragão, Satanás, depois da ascensão de Cristo. Satanás não pôde realizar seu proposito. Ele quis destruir a mulher e sua descendência, mas não conseguiu fazer isso. Ele é contido por Deus. Será que o capitulo 20 tem em vista outra fase de Satanás em que ele será reprimido, alguma coisa independente daquilo que foi descrito no capitulo 12? Ou será esse exemplo uma espécie de declaração em termos um pouco diferentes e de símbolos diversos que são característicos de Apocalipse? Talvez 20. 1-3 esteja falando de outro aspecto da restrição colocada sobre Satanás, como consequência da obra redentiva de Cristo e de sua glorificação triunfante.
Devemos lembrar-nos do ensino escatológico do NT como um todo, que é apresentado em termos não de um, mas de dois grandes pontos culminantes: a primeira vinda de Cristo e a segunda vinda de Cristo. Com a segunda vinda de Cristo haverá plena e completa consumação. Mas já na primeira vinda de Cristo temos o que poderíamos chamar de consumação antecipada. Temos a batalha decisiva e a grande vitória conquistada. Em sentido real, o reino de Deus já veio e Cristo já lidou de forma decisiva com Satanás.
É importante recordar como a obra de Cristo em sua primeira vinda é descrita no NT, em relação a Satanás. Em Mateus 12. 28,29, nosso Senhor diz:
Mas se é pelo Espirito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus.
Ou, como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali seus bens, sem antes amarrá-lo? Só
Então poderá roubar a casa dele.

Esse é um grande evento escatológico: O reino de Deus chegou! Para explicar esse evento, nosso Senhor nos conta uma breve parábola. Como alguém vai lançar mão das posses de um homem forte, posses que ele obteve, sem dúvida, por meios ilegais? O modo de fazer isso é primeiro amarrá-lo (o verbo grego traduzido aqui por “amarrar” pela NVI é o mesmo usado em Ap 20.2); e então lhe surrupiar os bens. Jesus propõe essa parábola para descrever claramente a missão que veio cumprir.
Em João 12. 31, quando nosso Senhor fala do significado de sua morte vindoura, diz: “Chegou a hora de ser julgado o príncipe deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo”. O dia do juízo chegou e o príncipe deste mundo (Satanás) será expulso (o verbo grego empregado aqui é o mesmo de Apocalipse 20. 3, “lançar”, com acréscimo do prefixo “fora”). “Agora”, e Jesus diz, por meio de sua obra expiatória, isso acontecerá (leia todo o contexto de Jo 12. 20-33).
Em Colossenses 2. 15, o apóstolo Paulo descreve de forma vivida a vitória de Cristo na cruz sobre os poderes demoníacos: “E, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz”. Cristo desarmou as hostes satânicas. Que grande vitória!
Hebreus 2. 14,15 fala de Cristo assumindo nossa humanidade “portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é. O diabo, e libertasse aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte”. Essa linguagem é incrivelmente poderosa, podemos pensar—o diabo destruído! (O verbo grego é o mesmo que Paulo utiliza em 1Co 15. 26 com referencia a Cristo destruindo a morte, o último inimigo, na ressurreição).Não é o NT que nos diz que “o diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar” (1Pe 5.8)? Sim, ele o faz; e o que Pedro está dizendo é verdade. Mas note o tipo de linguagem que o escritor de Hebreus usa para descrever a vitória de Cristo sobre Satanás na cruz, porquanto ele vê essa vitória como eternamente significativa.

Em 1João 3.8, lemos que “para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo”. No contexto, João está dizendo que se você estiver fazendo as obras do diabo, então mostrar estar do lado de um inimigo derrotado. Cristo é o vencedor. Se você é verdadeiramente de Cristo, não se ocupará das obras do diabo.
Em outras palavras, o NT enfatiza dois pontos culminantes na vitória de Cristo sobre Satanás: a vitória na cruz e a vitória em sua segunda vinda. Devemos perguntar então: essa dupla estrutura culminante é preservada em Apocalipse 20. 1-10?
Ou será que temos aqui uma nova característica que requeira uma revisão significativa da perspectiva básica do NT? Estamos nós agora prestes a adotar uma perspectiva que vê três focos culminantes: 1) vitória na cruz e na ressurreição; 2) vitória na segunda vinda de Cristo e na inauguração de seu reino milenar e 3) vitória final ao término do milênio?
Ao examinarmos a passagem, descobrimos boa razão para sugerir que Apocalipse 20 não apresenta tal modificação da consistente perspectiva neotestamentaria. Antes, Apocalipse 20. 1-10 é uma representação figurada da vitória de Cristo sobre Satanás em cada um dos seus dois pontos culminantes.

Na cruz, Satanás é aprisionado—mas não absolutamente. Apocalipse 20. 2,3 não diz que
Satanás está preso, e ponto final. Ele está cativo em um só aspecto, isto é, “impedido de enganar as nações [os gentios]”. A era da salvação para os gentios chegou. Antes do ministério de Jesus Cristo, Israel era a única nação chamada dentre todas as nações do mundo para conhecer as bênçãos de Deus e servi-lo. Havia exceções, naturalmente—aqueles que vieram conhecer a graça de Deus, embora não fossem filhos de Abraão segundo a carne. Mas, essencialmente, todas as nações da terra estavam na escuridão, sob o engano de Satanás. Entretanto, louvado seja Deus! Cristo veio e realizou sua obra redentora. No dia de Pentecostes, o Espirito Santo foi derramado sobre “todos os povos” (At 2.17), o que significa que o evangelho de Cristo é para todas as nações, e não apenas para o povo judeu. A era das missões mundiais havia começado, e a obra enganadora de Satanás, operada em grande escala por muitos séculos, chegara ao fim. O próprio Senhor ressurreto deu a seus apóstolos esta comissão (At 26. 17,18):
Eu o livrarei do seu próprio povo e dos gentios, aos quais eu o envio para abrir-lhes os olhos e convertê-los das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus, a fim de que recebam o perdão dos pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim.

Antes de deixar a referencia ao aprisionamento de Satanás em Apocalipse 20, há um texto adiciona digno de nota. Muitos cristãos acreditam sinceramente que dizer que Cristo aprisionou Satanás na cruz é incompatível com a presente atividade real de Satanás. Mas, considere o quadro apresentado em Judas 6 (v. 2Pe 2. 4):
E quanto aos anjos que conservaram suas posições de autoridade, mas abandonaram sua própria morada, ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas para o juízo do grande Dia.

O que significa isso? Será que significa que toda a linguagem de Paulo sobre a nossa luta contra os poderes demoníacos das trevas (Ef 6. 11,12) é uma retórica muito adornada? Afinal de contas, os demônios estão em correntes. Não há luta real alguma para o cristão aqui nesta vida, certo? Errado! A declaração de Judas não significa nada disso. Não significa que esses anjos decaidos não estejam ativos. Significa que eles estão operantes dentro dos limites da permissão divina, e que seu fim está traçado.
Então, poderíamos muito bem perguntar: Se Judas, por inspiração do Espirito, pôde descrever todos esses demoníacos seres como estando agora em correntes eternas, por que deveríamos interpretar que a prisão de Satanás como uma referencia ao que é verdadeiro agora seja de alguma maneira incompatível com atividade satânica atual? Essa é a linguagem bíblica, que não é mais contraditória em relação à atividade presente de Satanás do que Judas 6 é contraditório em relação à atividade presente de toda a hoste de anjos caídos.

5) Em Apocalipse 20.8, temos uma referencia à “batalha”. O texto grego tem o artigo definido (“o”), e é importante não deixar esse fato passar despercebido, porque lemos sobre “a batalha” em outros pontos do livro do Apocalipse. Em 16. 14, por exemplo, lemos: “São espíritos de demônios que realizam sinais miraculoso; eles vão aos reis de todo o mundo, a fim de reuni-los para a batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso”. E em 19. 19: “então vi a besta, os reis da terra e os seus exércitos reunidos para guerrearem [no texto grego o nome com o artigo definido aparece aqui; literalmente, ‘a batalha` contra aquele que está montado no cavalo e contra o seu exercito”]. Em 16. 14, os reis são convocados para a batalha. Em 19. 19, a besta e os reis da terra vêm para a batalha. Em 20.8, Satanás conduz sua hoste para a batalha. Parece claro que esses três textos não descrevem três batalhas, mas uma. O novo ponto revelado em 20. 8 (porque Apocalipse nunca se repete por mera repetição como algo
Novo é revelado a cada vez) é o que acontece a Satanás em resultado dessa batalha. O capitulo 19 registra o que sucederá com a besta e o falso profeta, como resultado de sua derrota nessa batalha. Aqui, em 20. 10, aprendemos o que ocorrerá com Satanás. Os versículos interpostos entre 19. 19 e 20. 10 nos levam de volta à primeira vinda de Cristo, e à prisão de Satanás como resultado de sua obra redentora.
6) Chegamos agora à cena parentética dos versículos 4-6, acerca do reinado dos santos, em que o véu de separação entre céu e terra é afastado e nos é permitido dar uma rápida olhada nos santos de Deus reinando com Cristo. Observe que não há referencia alguma nesses versículos, direta ou indiretamente, a coisa ou negócios terrestres. De fato, em termos de vocabulário, essa visão é muito semelhante às outras visões celestiais no Apocalipse.
Permitam-me explicar. Em 20. 4, há uma referencia às “almas” (psychai). Essa palavra pode ser usada no NT para referir-se simplesmente a “pessoas”. No texto grego de Atos 2. 41, por exemplo, lemos que três mil psychai foram salvas no dia de Pentecostes. Nessa declaração, não há ênfase alguma no aspecto de “alma” como oposta a “corpo” do ser humano. Mas no contexto de Apocalipse 20. 4, em que João vê “as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus”, parece que esse texto pretende apontar para um contraste entre alma e corpo
Há ai também uma referencia a tronos. Em todo o Apocalipse, o trono de Cristo e seu povo sempre estão no céu. Em 3. 21, é feita uma promessa especifica: “Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono”. Apocalipse 20. 4 retrata o cumprimento dessa promessa bendita. Os versículos 4-6 formam a visão do reino dos cristãos com seu Salvador, após eles partirem desta vida e enquanto esperam a segunda vinda de Cristo, a ressurreição e a felicidade eterna. Os santos são descritos como mártires por seu Senhor. Talvez esse retrato represente todo o povo de Deus. Nas visões do Apocalipse “todos são santos ideais ou pecadores ideais”. Note que no versículo 5, os mártires são contrastados com “o restante dos mortos”—aqueles que conhecerão com “todos os descrentes”.
No versículo 5, lemos que “ o restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos”. A observação que João faz não é que eles então viverão. Antes, ele enfatiza que os descrentes não usufruirão a maravilhosa bênção de viver e reinar com Cristo durante os mil anos. Lembre-se do que dissemos antes, quando consideramos Romanos 11. 25, sobre a força escatológica conclusiva do trono “ate”. Recorde-se também do que falamos ao considerar 1Corintios 15. 22, sobre o rico significado salvifico da vida em Cristo, vida que é realmente vida. Como nosso Senhor nos disse em João 5. 29, apenas “os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida [...] e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados” (grifo do autor).
É mencionado, em Apocalipse 20.6 e 14, que a única coisa que espera esses mortos após os mil anos é “a segunda morte”. Não é que João negue que eles serão ressuscitados corporalmente para enfrentar o juízo (v. 13). Mas ele nunca descreve os descrentes como “vivos” ou “ressurretos”. Seus nomes simplesmente não estão escritos “no livro da vida” (v. 15, grifo do autor). Muito embora possam estar adiante do grande trono branco em juízo, eles são descritos como “mortos” (v. 12). Em outras palavras, o quadro de João não retrata que os crentes vivem na segunda vinda de Cristo e os descrentes vivem no final do milênio. Os incrédulos verdadeiramente nunca vivem. Os crentes vivem e reinam com Cristo por mil anos.
O restante dos mortos, diz João, não desfrutam essa maravilhosa bênção. Eles não vivem durante esses mil anos. O que eles experimentarão em vez disso? A segunda morte, nos versículos 5 e 6, João fala da “primeira ressurreição”. Essa frase implica claramente uma segunda ressurreição. Mas isso significa que, afina, o pré-milenarismo está correto, que haverá duas ressurreições, a dos crentes na segunda vinda de Cristo e a dos mortos mil anos após? Não! A referencia à primeira ressurreição implica uma segunda—uma segunda ressurreição para as mesmas pessoas! De forma semelhante, “a segunda morte” (v. 6) implica a primeira morte—mas também para as mesmas pessoas os descrentes.
Poderíamos dizer que o crente em Cristo experimentará duas mortes e duas ressurreições. A primeira ressurreição ocorre quando ele parte desta vida e é imediatamente conduzido a presença de Cristo para reinar com ele. A segunda ressurreição será corpórea na segunda vinda de Cristo, quando os crentes são aprontados para o estado eterno (1 Co 15. 50). Os incrédulos, por contraste, experimentarão apenas uma ressurreição—e a ressurreição da condenação, mas eles sofrerão duas mortes. A primeira morte é psicofísica, na terra. A segunda morte será eterna, em seguida ao julgamento.
O apostolo João, porém, não fala que o crente conhecerá a morte!—ou que o incrédulo passará pela ressurreição. Como Meredith G. Kline observa:
Da mesma maneira que a ressurreição do injusto é paradoxalmente identificada como “a segunda morte”, assim a morte do cristão é paradoxalmente identificada como “a primeira ressurreição[...]” O que para os outros é a primeira morte, para os cristãos é a verdadeira ressurreição.
7) Apocalipse 20, então, apresenta um panorama da era evangélica, os propósitos de Deus na terra e a bênção de seu povo no céu, seguidos de uma vivida narrativa do juízo final e da consumação. Mas qual é o significado do número “mil”? Podemos supor que o número é simbólico, pois os números são usados simbolicamente em todo o Apocalipse. Mas qual é o significado desse símbolo? É impossível ser dogmático sobre tal assunto, mas a sugestão de geerhardus Vos é certamente:
O simbolismo dos mil anos consiste no seguinte: contrasta o estado glorioso dos mártires com o breve tempo de tribulação passada na Terra, por um lado, e com a vida eterna da consumação por outro.
A visão de João é determinada pelo Espirito para a edificação e o fortalecimento do povo de Deus de todas as épocas. Por isso os cristãos são encorajados a combaterem o bom combate (2 Tm 4, 7), tendo toda garantia de que em Cristo eles vencerão o maligno para reinar com seu Salvador.
O povo de Deus de todos os tempos foi salvo “em esperança” (Rm 8.24). a esperança dos santos da antiga aliança foi orientada para a vinda do prometido Redentor divino. As riquezas do Messias e de sua obra redentiva lhes foram retratadas, se forma expressiva, em termos dos elementos centrais de sua experiência religiosa: a terra de Canaã, a cidade de Jerusalém, o trono de Davi, o templo e a própria nação de Israel. Porque ele é Deus encarnado, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, em Jesus Cristo, as duas principais linhas da expectativa messiânica do Antigo Testamento convergem: 1) a promessa de que o próprio Deus viria e se revelaria como Senhor (por exemplo, a profecia de Isaias 40.3 sobre uma voz clamando no deserto para preparar “o caminho para o Senhor”, foi cumprida no ministério de João Batista preparando o caminho para Jesus [Mt 3.1-3]); e 2) a promessa de que o Senhor
Enviaria seu Servo ungido. Em Jesus convergem as duas linhas de expectativas escatológica. Ele é “Cristo do Senhor” (Lc 2.26), é também, ao mesmo tempo, “Cristo, o Senhor “ (Lc 2.11).
Como aqueles sobre quem “tem chegado o fim dos tempos” (1 Co 10.11), nós cristãos temos o inestimável privilegio de conhecer o cumprimento da esperança do AT. Por causa da obra concluída do crucificado e ressurreto Senhor Jesus Cristo e do ministério do Espirito Santo que ele derramou sobre a igreja no Pentecostes, experimentamos todas as maravilhas bênçãos da vida em união com Cristo.
Mas nós continuamos caminhando pela fé e vivendo em esperança. O dia da consumação ainda jaz adiante. A perfeição da bênção para o povo de Deus virá somente quando o próprio Cristo aparecer pela “segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam” (HB 9.28). Aquela “manifestação de nosso grande Deus salvador , Jesus Cristo” (Tt 2. 13) dará inicio ao grand finale da história redentiva: a ressurreição dos crentes, a ressurreição dos descrentes, o julgamento de todos, os novos céus e a nova terra e a inauguração do reino final de Deus, o bendito estado eterno dos redimidos. Essa é “a bem-aventurada esperança” da igreja, e por essa esperança somos sustentados para servir ao nosso Deus em amor e alegria, através de toda tribulação, até que toda a nossa esperança seja cumprida no retorno de nosso Salvador. AMEM! SOLI DEO GLORIA!!