sexta-feira, 15 de abril de 2011

Questões de Teologia Sistemática 1 Parte

Questões de Teologia Sistemática.

INTRODUÇÃO: Nós devemos viver no presente, aprender com o passado e voltar os olhos para o futuro. Comunicar às pessoas que Deus não é um pensamento no sistema de um filósofo que não consegue lidar com a falta de respostas para o dilema de nossa existência humana. Não, Deus existe de fato e falou conosco através de Bíblia para nos contar coisas sobre si mesmo, sobre nós mesmo e sobre o mundo. Francis Schaeffer dizia que para chegar à verdade, homens e mulheres têm que se curvar diante de Deus três vezes. Temos que nos curvar como criaturas, reconhecendo que Deus é Deus e que nós não somos a fonte e origem de nossa própria vida. Pelo contrario, somos dependentes. Nosso coração resiste a essa postura.
Temos que nos curvar moralmente, reconhecendo que somos pecadores que desobedeceram os mandamentos de Deus e que merecem seu julgamento. Somos dependentes de sua misericórdia através de Jesus Cristo. Temos que nos curvar no âmbito do conhecimento. Deus é a fonte da verdade e nós não. Somos dependentes dele para compreender o mundo e até mesmo nossa própria existência. Acredito que, sem a obra de Deus no coração e na mente das pessoas, nosso trabalho será em vão. E que precisamos estar preparados para dar respostas há quantos pedirem sobre a esperança que há em nós (I Pe 3.15).


1)  O QUE É REVELAÇÃO SEGUNDO A BÍBLIA?
Tudo o que sabemos sobre o Cristianismo nos foi revelado por Deus. Revelar significa “tirar o véu”. Tem a ver com remover a cobertura e descobrir algo que está encoberto. A especulação sobre Deus é mera tolice. Se quisermos conhecê-lo de verdade, temos de depender daquilo que ele revela sobre si mesmo. A Bíblia declara que Deus se revela de varias maneiras. Manifesta sua gloria na natureza e por meio dela. Revelou-se nos tempos antigos por meio de sonhos e visões. As marcas da sua providencia se manifestam nas paginas da Historia. Revela-se nas Escrituras inspiradas. O ponto mais alto da sua revelação é visualizado em Jesus Cristo, tornando-se ser humano – o que os teólogos chamam de “encarnação”. Somente a revelação pode desvendar os mistérios eternos. A experiência do homem tem demonstrado que a tendência da natureza humana é degenerar-se e seus caminhos ascendentes se sustêm unicamente quando é voltado para cima em comunicação direta com a revelação de Deus.


2. O QUE É REVELAÇÃO GERAL?
A Revelação geral nos proporciona o conhecimento de que Deus existe. “Os céus proclamam a glória de Deus”, diz o Salmista. A gloria de Deus é manifesta nas obras das suas mãos. Essa manifestação é tão clara e visível que nenhuma criatura pode deixar de percebê-la. Ela revela o poder eterno de Deus e sua divindade (Rm 1. 18-23). A revelação na natureza, porem, não proporciona uma revelação plena de Deus. Não nos da informações sobre o Deus Redentor que encontramos na Bíblia. O Deus que se revela na natureza, entretanto, é o mesmo Deus que a Bíblia revela. Deus se revela de muitas maneiras. Destaco essas:
1) Através da Natureza: (Sl. 19:1-6; Rm. 1:19-23). 2) Através da providencia: A providencia é a execução do programa de Deus. É Deus conduzindo ativamente todas as coisas ao seu fim desejado em todos os seus detalhes (Gn. 48;15; 50:20; Rm. 8:28; Sl.57:2; Jr. 30:11; Is. 54:17).  3) Através da Preservação: É o poder de Cristo na manutenção da criação preservando-a dando coesão aos elementos (Cl. 1:17; Hb. 1:3; At. 17:25-28). 
4) Através de Milagres: ( Ex. 4.1-9). 5) Através da Comunicação direta: (Nm. 12:8; Dt. 34:10). Nem todas as pessoas no mundo já leram a Bíblia ou ouviram a proclamação do Evangelho. A luz da natureza, porem, brilha sobre todos, em todos os lugares, em todo o tempo. A revelação geral de Deus acontece diariamente. Deus nunca fica sem um testemunho de si mesmo. O mundo visível é como um espelho que reflete a glória do seu Criador. A luz da força da revelação geral, todo ser humano sabe que Deus existe. Quando os céus revelam a Deus, tornam-se os mediadores, ou meio pelo qual Deus manifesta sua glória. Neste sentido, todo o universo é um meio de revelação divina. A criação dá testemunho do seu Criador.

3. O QUE É REVELAÇÃO ESPECIAL?
A revelação Especial é a que só pode ser co-respondida pelos Eleitos de Deus. Historicamente, a igreja tem feito ecoar o ensino de Jesus, afirmando que a Bíblia é a Vox Dei, “voz de Deus” ou o verbum Dei, a “Palavra de Deus”. Chamar a Bíblia de “a Palavra de Deus” não significa sugerir que ela foi escrita pela própria Mão de Deus, ou que caiu do céu num pára-quedas. A própria Bíblia chama a atenção para seus muitos autores humanos. Embora a Bíblia tenha chegado a nós por intermédio das mãos de autores humanos, a fonte suprema das Escrituras é Deus.
A revelação especial é aquela que só os escolhidos por Deus recebem uma verdade antes oculta, agora revelada por Deus a um grupo especial dentre as nações e, aceita somente pela fé, deus objetivou sua revelação especial aos salvos que de antemão ele predestinou para a Salvação, em forma de narrativas históricas, e ainda fez conhecida a sua vontade por meio de escritos didático ou discursos, no Velho Testamento. É evidente que as escrituras se refere a uma grande transformação operada em todos aqueles que são feitos filho de Deus e tornam-se crentes, essa transformação é inseparável da revelação especial de Deus para com os seus eleitos. Deus revela sua vontade e o meio de Salvação ao homem eleito, a fim de glorificar-se na Redenção dos seus filhos. Conclui-se que, o conhecimento verdadeiro acerca de Deus, não se consegue pela inteligência humana, é um dom Especial dessa revelação de Jesus. Nenhuma pessoa pode de fato, conhecer a Deus se não pela revelação Especial a quem Deus quiser revelar, “E ninguém conhece o pai senão o filho e aquele a quem o filho o quiser revelar” (Mt. 11:27b).
O homem é incapaz por sua própria força de descobrir que:
a) Precisa ser salvo b) Pode ser salvo c) Como pode ser salvo d) Se há salvação. Somente a revelação especial pode desvendar estes mistérios eternos.
A revelação especial se manifesta também das seguintes formas:
 1) através da Encarnação: A revelação de Deus comunicada aos seus por meio da Encarnação de Cristo, só os verdadeiros filhos de Deus conseguem aceitar essa encarnação do próprio Deus (Jo. 1:1, 4; Hb. 1:1-2; Jo. 8:26; 15:15).
2. Através das Escrituras: A Bíblia é a revelação escrita de Deus e, como tal, abrange importantes aspectos. Mas aos seus eleitos o Senhor vos deu uma revelação Especial para que eles possam compreender essa revelação para que sejam salvos pela graça de Deus.
4. O QUE É INSPIRAÇÃO DA BIBLIA?
O conteúdo verídico das Escrituras tem sido plenamente comprovado apelando-se para os registros seculares e para os fatos reais revelados pela pesquisa cientifica.  Por inspiração das Escrituras entende-se Que, os escritores foram de tal modo capacitados e dominados pelo Espírito Santo, na produção das Escrituras, que estas receberam autoridade divina e infalibilidade. Embora o Espírito Santo não tenha escolhido as palavras para os escritores, é evidente que Ele as escolheu por intermédio dos escritores. Assim sendo, a credibilidade da Bíblia significa somente que ela se situa entre os melhores registros históricos de produção humana, enquanto que a inspiração da Bíblia subtende que, ainda que se assemelhe a tais registros históricos, pertence ela a uma categoria distinta; e que, diferentemente de todos os demais escritos, ela não é apenas digna de fé, mas não contem erros e é incapaz de erro; e que assim é porque é inspirada por Deus e se distingue absolutamente de todos os outros livros, visto que em si mesma, em cada uma de suas palavras, é a própria palavra de Deus.
1.  Inspiração é a obra sobrenatural do Espírito Santo. Ele se move sobre indivíduos especialmente escolhidos que receberam a verdade divina dele e comunicam essa verdade por escrito, a Bíblia. Tecnicamente, a revelação precede a inspiração, a qual tem a ver com o método divino de registrar a revelação, quer aquilo que foi escrito tenha chegado até o escritor por comunicação direta de Deus, quer por meio das próprias pesquisas ou experiência do escritor, ou por meio dos registros existentes. A inspiração inclui o trabalho de supervisão do Espírito Santo,
2. O propósito da inspiração era fazer com que os escritores se tornassem infalíveis em seus ensinos. A inspiração se estende a todo o corpo das Escrituras, de forma que em seus pensamentos e palavras ela é plenariamente, ou completamente, e verbalmente inspirada por Deus para cumprir os seus propósitos. A inspiração traz consigo a autoridade de Deus, de forma que a Escritura está atrelada à mente, ao coração e à consciência como a única regra de fé e pratica para o crente. A palavra inspiração é o processo pelo qual o Espírito Santo superintendeu a produção da Bíblia. O Espírito guiou os autores humanos para que as palavras deles não fossem nada menos que a palavra de Deus. (II Co. 20:13; II Tm. 3:16;II Pe. 1:20, 21).


5. ALGUMAS TEORIAS DA INSPIRAÇÃO DA BIBLIA.
1) Teoria do Ditado ou da Mecânica: Afirma que os escritores Bíblicos foram meros instrumentos (amanuenses), não seres cujas personalidades foram preservadas. Se Deus tivesse ditado as Escrituras, o seu estilo seria uniforme. Teria a dicção e o vocábulo do divino autor, livre das idiossincrasias dos homens (Rm. 9:1-3; II Pe. 3:15-16). Na verdade o autor recebeu plana liberdade de ação para a sua autoria, escrevendo com seus próprios sentimentos, estilo e vocabulário, mas garantiu a exatidão da mensagem suprema com tanta perfeição como se ela fosse sido ditada por Deus. Alguns argumentam falsamente que a Escritura foi ditada por Deus e que os escritores foram meros secretários, que escreveram o que Deus falava e, dessa forma, foram agentes passivos, não ativos, no processo. Contudo, nós Evangélicos Cristãos, sustentamos que as Escrituras são tanto as palavras dos homens quanto as palavras de Deus. . Não há nenhuma insinuação de que Deus tenha ditado qualquer mensagem a um homem além daquela que Moisés transcreveu no monte santo, pois Deus usa e não anula as suas vontades. Esta teoria, portanto, enfatiza sobremaneira a autoria divina a ponto de excluir a autoria humana.
2) Teoria a inspiração dinâmica: afirma que Deus forneceu a capacidade necessária para a confiável transmissão da verdade que os escritores das Escrituras receberam ordem de comunicar. Isto os tornou infalíveis em questão de fé e pratica, mas nas coisas que não são de natureza imediatamente religiosa, isto é, a inspiração atinge apenas os ensinamentos e preceitos doutrinários as verdades as verdades desconhecidas dos outros humanos. Esta teoria tem muitas falhas: Ela não explica como os escritores Bíblicos poderiam mesclar seus conhecimentos sobrenaturais ao registrarem uma sentença, e serem rebaixados a um nível inferior ao relatarem um fato de modo natural. Ela não fornece a psicologia daquele estado de espírito que deveria envolver os escritores Bíblicos ao se pronunciarem infalivelmente sobre matérias de doutrina, enquanto se desviam a respeito dos fatos mais simples da historia. Ela não analisa a relação existente das mentes divina humana, que produz tais resultados. Ela não distingue entre coisas que são essenciais à fé e à pratica e àquelas que não são. Erasmo, Grotios, Baxtes, Paley, Doellinger e Strong compartilham desta teoria.
3) Teoria da Inspiração Natural ou Intuição: Afirma que a inspiração é simplesmente um discernimento superior das verdades moral e religiosa por parte do homem natural. Assim como tem havido artistas, músicos e poetas excepcionais, que produziram obras de arte que nunca foram superadas, também em relação às Escrituras houve homens excepcionais com visão espiritual que, por causa de seus dons naturais, foram capazes de escrever as Escrituras. Esta é a noção mais baixa de Inspiração, pois enfatiza a autoria humana a ponto de excluir a autoria divina. Esta teoria foi defendida pelos pelagianos e unitarianos.
4) Teoria da Inspiração Mística ou Intuição: Afirma que inspiração é simplesmente uma intensificação e elevação das percepções religiosas do crente. Cada crente tem sua iluminação até certo ponto, mas alguns têm mais do que outros. Se esta teoria fosse verdadeira, qualquer cristão em qualquer tempo, através da energia divina especial, poderia escrever as Escrituras. Schleiermacher foi quem disseminou esta teoria. Para ele inspiração é “um despertamento e excitamento da consciência religiosa, deferente em grau e não em espécie da inspiração piedosa ou sentimentos intuitivos dos homens santos”. Lutero, Neander, Tholuck, Cremer, F. W. Robertson, J. F. Clark e G. T. Ladd defendiam esta teoria, Segundo Strong.
5)  Inspiração dos Conceitos e não das Palavras: Esta teoria pressupõe pensamentos à parte das palavras, através da qual Deus teria transmitido idéias, mas deixou o autor humano livre para expressa-las em sua própria linguagem. Mas idéias não são transferíveis por nenhum outro modo alem das palavras. Esta teoria ignora a importância das palavras em qualquer mensagem. Muitas passagens bíblicas dependem de uma das palavras usadas para a sua força e alvo. O estudo exegético das Escrituras nas Línguas originais é um estudo de palavras, para que o conceito possa ser alcançado através das palavras, e não para que palavras sem importância representem um conceito. A Bíblia sempre enfatiza suas palavras e não um simples conceito ( I Co. 2:13;Jo. 6:63; 17:8; Ex. 20:1; Gl. 3:16).
6)  Graus de Inspiração: Afirma que há inspiração em três graus. Sugestão, direção, revelação, superintendência, orientação e revelação direta, são palavras usadas para classificar estes graus. Esta teoria alega que algumas partes da Bíblia são mais inspiradas do que outras. Embora ela reconheça que as suas autorias dão margem a especulação fantasiosa. 
7) Inspiração Verbal Plenária: É o poder inexplicado do Espírito Santo agindo sobre os escritores das Sagradas Escrituras,para orientá-los (conduzi-los) na transcrição do registro bíblico, quer seja através de observações pessoais, fontes orais ou verbais, ou através de revelação divina direta, preservando-os de erros e omissões, abrangendo as palavras em gênero, numero, tempo, modo e voz, preservando desse modo a inerrancia das Escrituras,e dando a ela autoridade divina.
a) Observação Pessoal: (I Jo. 1:1-4); b) Fonte Verbal: (Lc. 1:1-4; At. 17:18; Hb. 1:1,2 Tt. 1:12);
c) Revelação Divina Direta: (Ap. 1:1, 2; Gl. 1:12); d) Gênero: (Gn. 3:15); e) Número: (Gl. 3:16);
f) Tempo: (Ef. 4:30; Cl. 3:13); g) Modo: (Ef. 4:30; Cl. 3:13); h) Voz: (Ef. 5:18,19).
Explicação dos itens d, e, f, g, h: A inspiração verbal plenária fica assim estabelecida. Em Gn. 3:15 o pronome Hebraico está no Gênero masculino, pois se refere exclusivamente a Cristo ( Ele te ferirá a cabeça...). Em Gl. 3:16 Paulo faz citação de um substantivo Hebraico que está no singular, fazendo também,referencia exclusiva a Cristo. Em Ef. 4:30 e Gl. 3:13 o verbo perdoar encontra-se, no Grego no modo particípio e no tempo presente, o que significa que o perdão judicial de Deus realizado no passado, quando aceitamos por revelação a Cristo estende-se por toda a nossa vida, abrangendo o perdão dos pecados do passado, do presente, e do futuro (I Jo. 1:9 trata-se do perdão do pecado domestico e não do judicial). Jesus Cristo reconheceu a inspiração verbal plenária quando declarou que nem um til (a menor letra do alfabeto Hebraico) seria omitido da Lei (Mt. 5:18 e Lc. 16:17).
Pb. João Batista de Lima

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