O vício convencional e a crise de abstinência
Pr. Carlos Roberto Silva
Com referência ao depoimento veiculado em rede nacional de televisão no último sábado, fiquei muito triste, envergonhado e também preocupado com o que vi e ouvi. A princípio, sem palavras, mas agora, creio que posso avaliar com maior equilíbrio.
Quando as convenções foram comparadas à “cachaça” da qual os pastores participam e não conseguem largar, no meu entender foi mais uma força de expressão, quando o autor manifestou um sentimento pessoal, baseada na sua própria participação em todos esses anos de filiação, ou seja, com paixão e viciado nela.
Não duvido que, assim como o preclaro pastor que isso pronunciou, haja muitos outros que também participem dessa mesma forma, mas com todo o respeito, isso não pode ser atribuído a coletividade dos ministros filiados a uma convenção e, ao final, ele mesmo admitiu isso, quando disse que tem muita gente boa por lá que nada tem a ver com isso, mas é muito bom que se ressalte isso.
Quanto aos erros, propositais ou não, vícios de liderança e administração, utilização do sistema em benefício próprio, castração de novas lideranças e outras mazelas que o sistema produz, sou totalmente concorde com ele e creio ainda que a luta jamais vai parar. Luta pela erradicação ou mesmo inibição de tais atitudes, as quais considero grave pecado.
Sabemos perfeitamente que convenção não é Igreja, mas mesmo na Igreja quando se trata do quesito instituição, a associação de poder, administração, dinheiro e status, existem aqueles que lutam para se perpetuar, e os que lutam para se apoderar do comando.
Quando estão fora do poder, lutam pela democracia e denominam como ditador quem lá está. Quando assumem, se autodenominam homens escolhidos por Deus e ainda não existe alguém que possa substituí-los, nesse caso, aqueles que não estejam contentes, logo são taxados como rebeldes que se insurgem contra os “ungidos do Senhor”.
Nas convenções, em tese pelo que vejo, presumo que alguns dos envolvidos chegam a gastar fortunas para alcançarem seus propósitos, e pasmem, para assumirem cargos que legalmente não lhes dará um só centavo de retorno. Amor pela obra? Que assim seja! Glórias ao Senhor se assim for, mas se não...Misericórdia...
Ora, se temos a Cristo como nosso Mestre, não deveria ser assim, mas pelo jeito isso não é coisa nova no evangelho, começou há cerca de dois mil anos, quando Jesus ainda andava com seus discípulos na terra. O foco de Jesus era as pessoas e o reino de Deus, mas o dos discípulos era o poder temporal, infelizmente. Jesus precisou repreendê-los muitas vezes por isso. Disputavam entre si sobre quem seria o maior e até se implicavam quando outros fora do seu grupo faziam milagres e pregavam o evangelho. Para eles o nome de Jesus era uma espécie de marca patenteada pertencente somente a eles. A mãe dos filhos de Zebedeu chegou ao cúmulo de pedir a Jesus para que seus dois filhos tomassem assento nas cadeiras ao lado do Mestre, e mais, fez isso sem qualquer escrúpulo na frente dos demais discípulos, o que desagradou aos outros dez, criando tal animosidade entre eles, o que ensejou que o Senhor precisasse apaziguar a situação. Isso prova que todos estavam de olho nas duas cadeiras. Com vêem “a briga é velha”.
Hoje, a diferença entre igreja e convenção é que, na primeira, o caminho mais curto e objetivo de se ir á forra é a rebelião e a divisão, o que particularmente repudio, mas nas convenções (algumas, não todas) ainda existe a possibilidade democrática da alternância do poder e aí a disputa se arrocha a todo vapor e então, meus amados, quem pode mais chora menos.
No princípio das nossas convenções assembleianas no Brasil não era assim. Mesmo que houvesse uma disputa dura, ao final havia concordância e submissão, nisso também concordo com o nobre pastor. Hoje, a vida também continua, porém, infelizmente com brigas, intrigas, acusações e atitudes dignas de uma política secular, onde existe situação e oposição. Lamentável. Mesmo no mundo secular, quando a política é composta por homens maduros e comprometidos com o coletivo, existem pilares mínimos que são mantidos, no sentido de que não sejam prejudicadas, a governabilidade, a unidade e a saúde das instituições.
Em nosso caso, amados, agora que a “carroça já descarrilhou ladeira abaixo, em alta velocidade e o pior de tudo na banguela”, salve-se quem puder. É necessário muito equilíbrio e espírito cristão para se navegar no meio dessas elites.
Não podemos esquecer que, a Igreja é o alvo de tudo, a evangelização e salvação dos pecadores nossa missão principal, a volta do Senhor a nossa esperança e o céu o nosso futuro.
Pegando ainda um “gancho” nas palavras do nobre pastor, essa “cachaça convencional” tem que ser apreciada com muita moderação e, ao que parece ele exagerou na dose, pois agora que decidiu largar e está tentando se recuperar sofre uma séria crise de abstinência, com visíveis sintomas de nervos à flor da pele.
No caso do vício da cachaça, literalmente, o sujeito decidiu deixá-la, mas fica olhando a garrafa, não bebe, mas cheira o líquido.
No caso do vício da convenção, o pastor sai, mas não se esquece dela, não vê mais sentido em participar, mas fica olhando de longe, largou para não se envolver, mas mesmo assim gasta o precioso tempo do seu programa televisivo para falar dela.
Meu Deus... Que vício é esse?
Pelo jeito vamos ter que criar casas de recuperação para pastores viciados em convenção, de todos os lados. Lá dentro os profetas de Deus vão se acertar!
Que Deus tenha misericórdia de nós! (estou incluso e com muito temor)
Pr. Carlos Roberto Silva é editor do ótimo blog Point Rhema
Lembrando que Pr. Carlos Roberto nada tem haver com a imagem e o título deste artigo,
Genizah é quem esculhambou o negócio, para variar, rs
Lembrando que Pr. Carlos Roberto nada tem haver com a imagem e o título deste artigo,
Genizah é quem esculhambou o negócio, para variar, rs
Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2011/05/cgadb-malafaia-e-maldita-cachaca.html#ixzz1LPwYNdIt
Fonte: genizahvirtual.com
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