Lições
Sobre Alegria
Tiago Santos
Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Salmo
37.4
O salmo 37 é um poema sapiencial (de sabedoria; com orientações práticas
sobre como Deus quer que vivamos nossa vida) em forma de acróstico. Neste tipo
de composição, as linhas ou estrofes iniciam, cada uma, com letras em ordem
alfabética. Essa técnica, a exemplo do paralelismo, auxilia na memorização do
ensino.
Todo o Salmo 37 mostra a perplexidade de Davi com toda forma de
impiedade; trata da adversidade dos justos face a prosperidade dos ímpios.
Ensina-nos a como viver no meio dos que odeiam o povo de Deus, e como devemos
confiar nossos caminhos a ele.
O verso que abre este texto, e fonte de nossa consideração, fala sobre
agradar-se no Senhor, ou seja, ter agrado em; ter prazer em; ter contentamento
ou satisfação em;
Este verso fala sobre o resultado de nos agradarmos no Senhor. Fala-nos
sobre a verdadeira e pura alegria! A alegria (lat. alacre) é um sentimento
nobre. Diz-se da alegria ser um sentimento ou senso de contentamento; de júbilo
e exultação; de felicidade íntima ou interior.
Ademais, este versículo é também uma promessa: Agradarmo-nos do
Senhor há de satisfazer os desejos de nosso coração.
A questão é: O que é agradar-se do Senhor ? ou como nos agradarmos do
Senhor ?
Este é um privilegio somente daqueles que o conhecem. Não podemos nos
agradar - ou nos alegrar - com o que ou quem não conhecemos. Conhecer ao Senhor
faz-nos desejar parecer mais com ele. Passamos a querer ter comunhão com o
Senhor, e nos alegramos em sua presença.
Agradar-se do Senhor, pressupõe, portanto, um conhecimento íntimo dele e
de sua obra. Este fato por si só há de gerar deleite em nossas almas.
Ao abrirmos a Escritura, ou ouvirmos a sua mensagem, e, iluminados pelo
Espírito Santo, passarmos a conhecer a gloriosa verdade acerca de Deus, de Seu
ser, seus atributos, sua vontade, suas obras, haveremos de ter deleite sem
igual ! A Fé, meus irmãos, produz alegria em nossos corações.
Supor, portanto, que seguirmos o caminho do Senhor significa em
"dolorosas austeridades, melancolias e tristezas" oriundas do fato de
termos de nos "negar a nós mesmos" e "carregar a nossa cruz
diariamente" é uma tolice; uma distorção do caráter da verdadeira e pura
religião.
Afinal, temos de entender que "negar a nós mesmos" é um
privilegio da graça, pois ao fazermos assim, negamos nossa natureza corrupta e
pecaminosa; quando "carregamos nossa cruz", que é instrumento de
morte, na verdade, estamos declarando que morremos para nós mesmos e para o mundo
e vivemos em Cristo, "crucificando-nos a nós mesmos para o mundo e o mundo
para nós".
As Escrituras estão repletas de ensinamentos que revelam-nos que a
natureza da verdadeira alegria e felicidade plena, não está na ausência de
sofrimentos ou dores, mas sim em estar na presença do Senhor e de
meditar em sua Palavra.
Aliás, a prova de nossa alegria no Senhor vem de nossas lutas e
provações (Tg. 1.2), pois desenvolve nossa fé; a resignação de nossos pais na
fé (Elias, Davi, Jó, Paulo, etc) são incontestes evidências de que acolhiam com
alegria e contentamento a providência de Deus em suas vidas; não que eles não
tenham sentido a agudez dos sofrimentos e tristezas na carne; eles não se
alegravam nas aflições em si mesmas, mas na capacidade de suportá-las que o
Senhor lhes outorgava. Confiar na providência e apegar-se à sua Palavra
arrefecia sua miséria e intensificava seu deleite nele.
Vejamos as seguintes passagens:
Salmo 40.8: "Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em
meu coração está a tua lei";
Salmo 119.47: "Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo".
Romanos 7.22: "Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus";
I Pedro 1.8: "... a quem, não havendo visto, amais. No qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória";
Salmo 119.47: "Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo".
Romanos 7.22: "Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus";
I Pedro 1.8: "... a quem, não havendo visto, amais. No qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória";
Tributar amor a Deus pelo que ele é, em si mesmo, já seria suficiente
para nosso deleite eterno; ele, no entanto, concede-nos amá-lo e alegrarmo-nos
nele pelo que ele é e pelo que ele está fazendo! As manifestações de suas glórias,
tanto no céus como na terra, trazem perene deleite à sua Igreja, tanto aquela
que triunfa como a que ainda milita.
Se, portanto, amaramos a Deus de todo o nosso coração, de toda nossa
alma, com toda nossa força e entendimento, e, amarmos assim a sua santa, pura e
perfeita Palavra, haveremos de experimentar tamanha alegria, que nem se pode
mensurar, independente das circunstâncias.
É isto que o salmista está dizendo! Se nos agradamos de Deus (e tudo que
esta sentença infere), haveremos de ter plena alegria nele. Nosso caminho será
dele e o mais ele fará. Não precisamos nos preocupar com a injustiça à nossa
volta, nem aquelas que contra nós é dirigida. Nossa atenção está voltada para
ele, para ele somente.
Conhecer ao Senhor e amá-lo; amar a suas obras - que são a manifestação
de sua sabedoria, bondade, poder ; amar a sua Palavra,isto é agradar-se do
Senhor.
E, quanto mais nos "agradamos" do Senhor, tanto mais ele será
o maior desejo do nosso coração!
O cumprir a Lei de Deus - satisfazer a sua vontade - será o desejo maior
de nosso coração! A promessa consiste justamente em Deus nos fortalecer e
colocar de lado nossos desejos ensimesmados, e nosso desejo passa ser o de
obedecê-lo; de viver vidas santas e agradáveis a ele; nos conformarmos à sua
estatura e imagem. Assim, o próprio Deus se compromete a realizar tais desejos,
pois são para sua glória.
O Senhor Jesus Cristo, quando encarnou-se e viveu como homem, nutria em
seu coração o desejo de glorificar ao Pai, e o Pai satisfez o desejo de seu
coração (Jo 12.50; 17.4,5,24).
Qual é o desejo de nosso coração?
Cristo - Deus verdadeiro e homem verdadeiro - deu-nos sua vida na cruz
do Calvário para que pudéssemos ter vida nele. À parte de Cristo, Deus nos
seria por adversário e as Escrituras ecoariam condenação, mas nele, somos
feitos filhos de Deus. Sua obra redentora concede-nos acesso ao Pai e é somente
em Cristo que poderemos nos agradar do Senhor, e somente em Cristo que
os desejos de nosso coração serão satisfeitos.
Nossa alegria consiste em estar em e conhecer a Cristo e ter comunhão
com ele. Será este o seu caso? Você está alegre no Senhor ? Você se agrada no
Senhor? Qual o desejo do seu coração ? Será um desejo que você pode entregar
nas mãos do Senhor para que sejam satisfeitos?
Ó, que a bondade de Deus, em conceder-nos Cristo para que nele busquemos
sua face, o conheçamos e dele nos agrademos, conceda-nos a graça de
que o desejo de nosso coração seja a sua glória.
Esta é uma promessa que se cumprirá cabalmente naqueles que forem
achados fieis no Senhor e dele se agradarem.
Amém.
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