terça-feira, 13 de março de 2012

O Milênio, porque eu creio que já estamos vivendo o Milênio. Parte 2

Por Pb. João Batista
4. O reino de Davi
Com relação às promessas feitas a Davi, podemos observar primeiramente que Lucas apresenta a vinda de Jesus como cumprimento dessas promessas (Lc 1.30-33); O reino do filho maior do que Davi deve ser um reino terreno, conforme prometido em 2 Samuel 7.16 e Isaias 9.6. Assim como a promessa a Abraão de uma terra perpétua não pode ser cumprida nesta atual terra amaldiçoada pelo pecado, assim também a promessa de um trono eterno para Davi não pode ser cumprida em nenhum ser mortal.
Continue lendo Lucas e você ficará impressionado com as imagens usadas por Maria (v. 46-55) e Zacarias (v. 67-69) em seus louvores a Deus por sua obra redentora. Veja por exemplo Lucas 1. 52-55, 69-67:
Derrubou governadores dos seus tronos, mas exaltou os humildes.
Encheu de coisas boas os famintos, mas despediu de mãos vazias os ricos.
Ajudou a seu servo Israel, lembrando-se da sua misericórdia para com Abraão e seus descendentes para sempre, como disse aos nossos antepassados.
Ele promoveu poderosa salvação para nós, na linhagem do seu servo Davi (como falara pelos seus santos profetas, na antiguidade), salvando-nos dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam—para mostrar sua misericórdia aos nossos antepassados e lembrar sua aliança, o juramento que fez ao nosso pai Abraão...

Voltando ao livro de Atos, como o apostolo Pedro vê o cumprimento da promessa de 2 Samuel 7. 16? Pela ressurreição de Jesus (veja At 2.31-31):
Esse apoteótico evento redentivo também é visto como cumprimento dos Salmos 2.7; 16.10; e de Isaias 53.3 (At 13. 32-37). Muito instrutivo a esse respeito é o registro do Concilio de Jerusalém. Feito em Atos 15. Lemos ai o relatório missionário que Paulo e Barnabé fizeram sobre sua viagem à Fenícia e Samaria, enquanto falavam perante o conselho de apóstolos e anciãos em Jerusalém (15. 3,4)—um surpreendente número de gentios convertidos por meio de sua pregação. Pedro, lembra à assembleia que em seu ministério também tem visto tanto gentios quanto judeus salvos “pela fé [...] pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo” (15. 9-11). Quando Tiago fala (15. 13-21), ele aponta para a profecia de Amós 9. 11,12 como a chave para entender esse surpreendente fenômeno de Graça.
Mas a interpretação “literal” dessa passagem não pode estar correta. Se essa tivesse sido a força da invocação de Amós por parte de Tiago, isso teria feito o argumento do apostolo irrelevante para o assunto em discussão. Nessa interpretação, Tiago declarou ao conselho que eles não deveriam ficar confusos ou perturbados pelo relatório de Simão Pedro acerca dos gentios trazidos a Deus, porque os profetas haviam predito que era exatamente isso o que aconteceria durante o milênio. Um ancião presente nesse concilio poderia muito bem ter respondido: “Está tudo muito certo, Tiago, mas o que estamos buscando é uma compreensão escrituristica do que está acontecendo na igreja agora”.
E é exatamente isso que Tiago diz a eles e a nós pelo Espirito. Ele vê Amós 9. 11,12 sendo cumprido justamente ante seus olhos, por assim dizer. As palavras introdutórias “depois disso” devem ser entendidas a partir da perspectiva do exilio.
Do ponto de vista da percepção a nós provida pela interpretação correta da profecia veterotestamentária, essa passagem realmente é muito importante, pois observa bem o que está acontecendo aqui:
A aplicação profética de Tiago encontra o cumprimento de sua primeira parte (a reconstrução do Tabernáculo de Davi) na ressurreição e glorificação de Cristo, o Filho de Davi, e na constituição de seus discípulos como o novo Israel, e o cumprimento de sua segunda parte na presença de crentes gentios bem como judeus na igreja.
Podemos dizer que Tiago, o irmão de nosso Senhor e principal ancião da igreja de Jerusalém, estava “espiritualizando” a profecia do AT de um modo perigoso ou mórbido? Claro que não. Então como pode tal acusação ser dirigida aos amilenaristas, quando eles buscam compreender a profecia do AT, precisamente da mesma maneira cristocentrica adotada por Tiago?
5. O templo de Deus
Uma imagem conclusiva e tipologicamente rica na tapeçaria do AT é a do templo de Deus. Nesse ponto podemos ser breves. O tema principal no quadro profético do que Deus prometeu fazer nos dias do Messias é o fato de que ele restauraria ao seu povo as bênçãos anteriores. Mas essa não é toda a historia. Não só no NT, mas nos próprios profetas do AT, é revelado que o cumprimento das bênçãos da nova aliança excederia em muito aquelas que o povo de Deus conhecera no auge da antiga aliança.
Não só o remanescente reunido de Israel e Judá deve ser resgatado (Sl 11. 13; Ez 37.15-22; Os 1. 11; 3.5). Os gentios também estão incluídos (Is 2.2-4; Mq 4.1-3). Os desterrados de outras nações são reunidos com os cativos de Israel (Is 56.6-8). Dentre os gentios recolhidos, Deus escolherá sacerdotes e levitas (Is 66.21).
A chave para o cumprimento dessas maravilhosas promessas é a vinda de Cristo. O próprio Jesus declarou: “Aqui está o que é maior do que o templo” (Mt 12.6). Jesus falou da reconstrução do templo após três dias (Jo 2. 19-22), e João nos diz que Jesus estava se referindo a si mesmo. Jesus fala da sua ressurreição como o reerguimento do templo, não por causa de o corpo de alguém ser simbolizado por um templo, mas porque ele é o verdadeiro templo de Deus.
Tudo aquilo que o templo significa, então, é cumprido em Jesus Cristo: a habitação da gloria de Deus no santuário; a provisão do sacrifício expiatório no portão; a reunião da congregação onde os louvores e orações de Israel ascendem da santa festividade; a corrente água da vida que vem do limiar da casa—são todas realidades em Cristo.
Uma vez que Cristo é o verdadeiro templo, não devemos procurar por outro. Quando foi dada ao apostolo João a visão apoteótica de um novo céu e uma nova terra, e da “Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido” (Ap 21. 2), ele relata: “Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo” (21. 22). Nenhum outro fundamento pode ser lançado, além do que já foi posto (1Co 3. 11). Nenhum outro templo pode ser levantado sobre esse fundamento, senão o que já foi erguido, e no qual todos os santos de Deus, judeus e gentios, estão edificados como pedras vivas (Ef 2. 19-22; 1Pe 2. 5).
Esse é o ensino claro do apostolo Paulo em Romanos 11.7—“Israel não conseguiu aquilo que tanto buscava, mas os eleitos o obtiveram.” E essa não é nada menos do que a plenitude da salvação de Deus em Jesus Cristo, em quem a promessa da aliança de Emanuel é preeminente e finalmente cumprida: “Serei o Deus deles e eles serão o meu povo” (Jr 31. 33).
6. A segunda vinda de Cristo o ponto final da história redentiva
O AT não ensina um futuro reino milenar de Cristo. Os profetas veterotestamentarios falam uniformemente sobre o reino perene do Messias e suas bênçãos perpetuas. Com respeito à revelação do NT em relação ao futuro, porém, temos de dizer mesmo mais que isso. O NT não apenas não ensina o futuro reino milenar—como faz sobre a segunda vinda de Cristo—como também não considera um reino milenar terreno em seguida ao retorno de Cristo, porque o NT revela claramente que os eventos seguintes a ele são todos simultâneos, isso é, ocorrerão juntamente em um grupo de eventos finais, um grande e dramático encerramento da história da redenção: a segunda vinda de Cristo, a ressurreição dos crentes (e a “transformação” dos crentes vivos, 1Co 15. 51), a ressurreição dos ímpios, o julgamento de todos, o fim, os novos céus e a nova terra, e a inauguração do reino final de Deus, a bendita condição eterna dos resgatados.
Porque isso é assim, a Bíblia tem de ser mal interpretada artificialmente, de forma a ajustar-se a um período milenar depois do retorno de Cristo, separando a ressurreição dos ímpios da ressurreição dos justos, o julgamento dos crentes, e a renovação cósmica (um novo céu e uma nova terra) da vinda de Cristo. Em nosso estudo das muitas passagens do NT, que faremos a seguir, o nosso ponto principal é a ocorrência de todos esses temíveis eventos finais. Examinaremos muitos detalhes para chegar a conclusões, mas será importante não trocar a floresta pelas árvores. Quando a concorrência de todos esses eventos finais é reconhecida, o quadro escatológico resultante é simples. Alguns veem essa simplicidade como uma fraqueza do amilenarismo. Mas não devemos confundir simplicidade com superficialidade de ou perplexidade com profundidade. Temos espaço para considerar apenas uma amostra da revelação do NT. João 5. 28,29, Escute o que nosso Senhor diz:
Não fiquem admirados com isso, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados.
O apóstolo Paulo apresenta o mesmo ensinamento quando disse ao governador Félix que ele tem a mesma esperança em Deus que seus acusadores judeus “de que haverá ressurreição tanto de justos como de injustos” (At 24. 15). Observe o singular “ressurreição”. Posteriormente, consideramos 1Corintios 15. 22-24 e Apocalipse 20.5, para determinar se esses textos exigem de nós s busca de uma alternativa à leitura natural dessas afirmações de nosso Senhor e de seu apóstolo. 2Tessalonicenses 1. 5-10
Nessa passagem, o apóstolo Paulo dirige palavras de conforto e encorajamento à igreja: Elas dão prova do justo juízo de Deus e mostram o seu desejo de que vocês sejam considerados dignos do Reino, pelo qual vocês também estão sofrendo. É justo da parte de Deus retribuir com tribulações aos que lhes causam tribulação, e dar alivio a vocês, que estão sendo atribulados, e a nós. Isso acontecerá quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes. Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do
Seu poder. Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram inclusive vocês que creram em nosso testemunho.
Será que esse quadro gráfico é compatível com o conceito do pré-milenarismo sobre um futuro julgamento dividido? Note que será um e ao mesmo tempo que 1) Deus retribuirá “tribulações aqueles que causaram tribulações” aos crentes de Tessalonica, e “punirá os que não conhecem a Deus e não obedecem ao evangelho de nosso Senhor”, e que 2) Deus dará “alivio a vocês que sendo atribulados, e a nós também”. É típico das referencias bíblicas concernentes a esse maravilhoso evento de consumação, que ele seja abordado aqui de várias maneiras, alertando-nos para o fato de que o NT, com frequência, descreve o mesmo evento, ou grupo de eventos, de diferentes pontos de vista.
1) Esse duplo julgamento será dosado por Deus, “quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes”. Assim aprendemos que o alivio dos crentes será recebido no retorno visível de Cristo.
2) Isso ocorrerá quando Cristo “vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, incluindo vocês que creram em nosso testemunho”. O tempo no qual Cristo será glorificado em seus santos e admirado por todos os que creram, quando chamar à vida aqueles que morreram nele, e levar todos os crentes a encontrá-lo no ar, a fim de estarem para sempre com ele (1Ts 4. 15-18).
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