SONHAR É PRECISO
Eu tive um sonho, um sonho desses que
outros já sonharam e que parece não morrer nunca. Sonhei que a igreja Reformada desses pais era
menos egoísta e mais solidaria que havia engajamento com as questões sociais e
que os nossos templos ociosos eram bem mais utilizados na semana na realização
de projetos comunitários que visam resgatar a cidadania, promover inclusão
social e combater as diversas formas de injustiça. Sonhei que o modelo de
relacionamento comunitário da Trindade servia de modelo para as igrejas,
pastores, lideres, membros e
congregados. Como conseqüência havia menos proselitismo, menos preocupação com
o poder e mais preocupação com o caráter, mais humildade e menos vaidade, mais
espiritualidade e menos ativismo religioso. Sonhei que o marketing e a
publicidade davam lugar à oração e ao evangelismo pessoal, e que missão deixava
de ser um tipo de status quo para ser simplesmente um compromisso de quem ama o
Reino de Deus. Sonhei que desistíamos todos de submeter à igreja as leis de
mercado por crermos simplesmente na eficácia do evangelho como suficiência de
Deus no alicerce e transformação regeneradora dos pecadores moribundos. Sonhei
que na igreja evangélica Reformada já não havia lugar para quem tenta
massificar a fé, mercadejando o evangelho a preços promocionais inescrupulosos,
ao mesmo tempo em que lucra com a valorização das “ações” do competitivo
mercado religioso. Sonhei com o retorno da igreja as Escrituras numa caminhada
gloriosa de redescoberta da espiritualidade bíblica, da missão integral, do
relacionamento intimo com Deus, da sua vocação sublime, da ética e do
testemunho de quem vive como sal da terra e luz do mundo.
Sonhei que nesse contexto de
despertamento espiritual a IPB redescobria suas origens doutrinarias reformada,
sua experiência missionária Calvinista, e seu fervor espiritual Cristocentrico.
Sonhei que continuávamos construindo templos sem, no entanto, s m perdermos de
vista que a prioridade da igreja é missões. Sonhei então que as nossas ofertas
anual de missões deixavam de ser anual para ser mensal e que as nossas ofertas
para missões superavam os alvos de construção. Sonhei que já não membros inadimplentes
ou infiéis nessa matéria. Sonhei que os pastores apascentavam-se mutuamente,
que havia mais humildade entre todos e que nos tornávamos ensináveis,
corrigíveis e conscientes das nossas fraquezas e pecados. Sonhei que as nossas
igrejas eram mais cooperativas, servindo com dedicação e santidade. Sonhei
ainda que era possível canalizar nossas energias, recursos e talentos para
fortalecer a missão em vez dos nossos pequenos guetos religiosos e espaços de
poder.
Depois de sonhar com tudo isso, me dei
conta de que na realidade eu não dormia, eu estava bem acordado, como bem
acordado precisamos estar, a fim de que possamos construir uma nova página na
nossa história de igreja que glorifique a Deus. Que o Senhor provoque em nós um
inconformismo profundo nos nossos corações no anseio de vivenciarmos um novo
tempo. Uma nova realidade.
No amor de Cristo,
Pb. João Batista de Lima
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