Rev. João Batista
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Texto: João 11.28-46.
Tema: Jesus, o Cristo que ressuscita
mortos.
Pr. João Batista de Lima
Introdução: A Bíblia com toda sua revelação, narra nesta
historia a tristeza, o sofrimento e a dor que foi causado pelo pecado. E mostra
que Jesus estava indignado com o pecado. Mas, revela também um Deus amoroso que
se compadeça dos homens pecadores e que dar-les a vida eterna.
Para que você saiba
que é possível estar fisicamente vivo e espiritualmente morto, você precisa
discernir um fato: que o nível físico, o nível do Espírito (o nível da alma),
para existirem não se faz necessária uma simultaneidade. Lazaro estava morto
fisicamente, mas estava vivo espiritualmente.
Seu corpo morrera, mas Espírito não.
Vamos descobrir se você esta morto, ou vivo espiritualmente das
seguintes formas.
I. Mortos não têm apetite.
Os evangelhos ensinam que Maria e marta faziam quitutes
saborosos (Lc 10). Todavia, posso garantir-lhes que, depois de quatro dias de
putrefação; depois de envolto na sombria morte, não havia perfume de comida
apetitosa que levantasse Lazaro daquela tumba simplesmente porque nada apetece
aos mortos espiritualmente, mortos não tem apetite. É por isso que homens
mortos espiritualmente não têm gosto pela Bíblia e sua leitura, não gostam de
oração, não tem fome de Deus, é por causa dos benefícios que Deus pode dar. Não
é a pessoa de Deus que os atrai, pois eles não têm apetite por Deus. Deus não é
para ele o grande prazer da vida.
II. Mortos não têm ação. O
que caracteriza a morte é a inércia mais profunda. Não tem ação espiritual, sua
argumentação é que não tem tempo. Eles têm ação no nível físico porque criam
tempo para suas atividades físicas, fazem cursinhos casam e se dão em
casamento, fazem faculdade vão a acampamentos de férias, no nível físico não
falta tempo, mas no nível espiritual, dizem não ter tempo. Mas não é falta de
tempo, é falta ação. O motivo é que eles estão mortos espiritualmente.
III. Mortos não reagem ao amor.
Primeiramente, ao amor de Deus, mortos não podem reagir ao
amor de Deus. O texto diz que Jesus chorou, quando chegou a sepultura de
Lazaro, ele o amava. Mas Lázaro não reagiu ao seu amor, suas lagrimas não o
levantou, seu amor não o ergueu, simplesmente porque mortos não reagem ao amor
de Deus.
É por isso que nós pregamos a cruz; falamos que alguém veio
a este mundo e morreu por amor. Levou sobre si as nossas dores, a nossa
vergonha. A angustia do homem que já experimentou de tudo e não conseguiu
satisfação, absorveu as lepras as AIDS, as dores de todos os homens. Pagou o
preço do meu resgate do inferno. A historia convergiu para ele.
IV. Mortos precisam ter um encontro
com Jesus.
Mortos precisam de ressurreição. A resposta de Jesus aos
mortos espirituais é: Eu sou a ressurreição e a vida. Mortos precisam de vida.
Mortos precisam de salvação, precisam sair do pó. Não é uma ressurreição sem
fonte que acontece por acaso. É uma ressurreição que tem objetivo, uma fonte,
uma origem, uma pessoa, alguém de onde ele emana. “eu sou a ressurreição e a
vida, quem crê em mim, ainda que morra vivera”. Jesus se comoveu com a situação
de Lázaro, ele se comove quando vê o homem morto espiritualmente. Jesus se
comove diante de um homem que esta como eu estava ou como você está, morto
espiritualmente. O texto diz que Jesus chora por causa do homem morto porque
Jesus o ama a ponto de dar a sua própria vida por ele. Jesus andou em direção
ao morto e mandou que retirasse a pedra do tumulo. Há tantos sepulcros andantes
em nossas ruas; tantos espíritos sepultados em corpos ambulantes, equal a
entrada para sua interioridade? É o seu coração. Tire dele a pedra, a pedra do
preconceito religioso. Você diz: eu não nasci nesta religião; tenho que morrer
na minha! Mas eu estou convidando a vir a Jesus que da a você a vida
espiritual. É preciso tirar a pedra do preconceito; de certos pecados que estão
tapando, bloqueando o seu coração. A pedra da indiferença, da incredulidade, a
pedra da carnalidade, da vaidade exagerada e da ambição. Tire a pedra! E escute
Jesus te chamando para a vida eterna. Levante-se e desperte do sono espiritual,
ouça Jesus a te convocar a sair da morte espiritual, como Lázaro você também
pode ser ressuscitado por Jesus, venha seguir os passos de Jesus e ser feliz
por toda a eternidade.
Conclusão:
Quando a luz de Jesus começar a entrar nessa caverna escura
que é a sua alma, quando a voz de Jesus o despertar, ponha-se de pé: venha para
fora! É a vida que te chama. Quem for ressuscitado por Jesus recebe a vida
eterna. O ressuscitado necessita de viver livre, e foi para a liberdade que
Cristo ti libertou. Ele convoca você para á salvação, para á liberdade, vá a
Jesus hoje mesmo por meio da fé! Ele o convida para andar com ele, como Lázaro
fez. Venha para fora!
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Por J. I. Packer
“Você falou em redescobrir o evangelho”, diz nosso questionador, “e isso não significa apenas que você quer que todos nós nos tornemos calvinistas”?
Essa indagação presumivelmente gira não em torno da palavra calvinista, mas da coisa em si. Pouco importa se nos chamamos calvinistas ou não; o que importa é que compreendamos biblicamente o evangelho. Mas, isso, conforme pensamos, na realidade significa compreendê-lo conforme o tem feito o calvinismo histórico. A alternativa consiste em compreendê-lo mal e distorcê-lo. Dissemos antes que o evangelicalismo moderno, a grosso modo, tem deixado de pregar o evangelho à moda antiga; e francamente admitimos que o novo evangelho, naquilo em que se desvia do antigo, parece-nos ser uma distorção da mensagem da Bíblia. E agora podemos perceber o que tem sido erroneamente exposto. Nossa moeda teológica tem sido depreciada. Nossas mentes têm sido condicionadas a pensar sobre a cruz como uma redenção que faz menos do que redimir, e a pensar sobre Cristo como um salvador que faz menos do que salvar, e a pensar sobre a fé como a ajuda humana de que Deus necessita para cumprir os seus propósitos. Em resultado disso, não mais somos livres para acreditar no evangelho bíblico ou para anuncia-lo. Não podemos acreditar no mesmo, porque os nossos pensamentos são arrebatados nas circunvoluções do sinergismo. Somos perseguidos pela noção arminiana de que se a fé e a incredulidade tiverem de ser atos responsáveis, terão de ser atos exclusivamente humanos. E, daí deriva-se a ideia que não somos livres para crer que somos salvos inteiramente pela graça divina, através de uma fé que é dom de Deus e que chega até nós por meio do Calvário. Ao invés disso, ficamos envolvidos em uma estranha maneira de dúbio pensar, acerca da salvação, pois, em um momento, dizemos a nós mesmos, que tudo depende de Deus, para, no momento seguinte, dizermos que tudo depende de nós. A confusão mental daí resultante priva Deus de grande parte da glória que lhe deveríamos atribuir como autor e consumador da salvação, e a nós mesmos do consolo que poderíamos extrair do conhecimento daquilo que Deus fez por nós.
E então, quando passamos a pregar o evangelho, nossos falsos preconceitos nos fazem dizer exatamente o oposto daquilo que tencionávamos. Queremos (e com toda a razão) proclamar Cristo como nosso Salvador. Não obstante, terminamos dizendo que Cristo, após ter tornado possível a nossa salvação, deixou que fôssemos nossos próprios salvadores. E tudo termina dessa maneira. Queremos magnificar a graça salvadora de Deus, bem como o poder salvador de Cristo. E assim declaramos que o amor remidor de Deus abarca todos os homens, e que Cristo morreu para salvar todo homem, e proclamamos que a glória da misericórdia divina deve ser medida através desses fatos. Mas então, a fim de evitarmos o universalismo, somos forçados a depreciar tudo aquilo quanto vínhamos exaltando, passando a explicar que, afinal de contas, nada daquilo que Deus e Cristo fizeram pode salvar-nos, a menos que acrescentemos algo – o fator decisivo que realmente nos salva é o nosso próprio ato de crer. O que dizemos, portanto, resume-se nisto: Cristo salva-nos com a nossa ajuda. E o que isso significa, depois de passar pelo crivo de nosso raciocínio, é o seguinte: salvamo-nos a nós mesmos, com a ajuda de Cristo.
Esse é um anticlímax vazio de significado. Porém, se começarmos afirmando que Deus tem um amor salvífico para todos, e que Cristo morreu para salvar todos, ao mesmo tempo em que repudiamos tornarmo-nos universalistas, nada mais restará para dizermos. Portanto, sejamos claros sobre o que temos feito, após ter exposto a questão dessa maneira. Não temos exaltado a graça divina e nem a cruz de Cristo; antes, temo-las tornado baratas. Teremos limitado a expiação muito mais drasticamente do que o faz o calvinismo. Pois, ao passo que o calvinismo, assevera que a morte de Cristo salva a todos quantos foram predestinados para a salvação, teremos negado que a morte de Cristo, como tal, seja suficiente para salvar qualquer pessoa ímpios e impenitentes pecadores, ao assegurar-lhes que eles têm a capacidade de arrependerem-se a crer, embora Deus não possa dar-lhes essa capacidade. Talvez também tenhamos transformado em coisas triviais o arrependimento e a fé, a fim de tornar-se plausível essa certeza (“é tudo muito simples – apenas abra o seu coração para o Senhor…”). Por certo, teremos negado da maneira mais eficaz a soberania de Deus, além de havermos solapado a convicção básica da religião cristã – o fato que o homem está sempre nas mãos de Deus. Na verdade, teremos perdido muita coisa. Assim sendo, não admira que a nossa pregação tanto se ressinta de falta de reverência e humildade, e que os nossos professores convertidos mostrem-se tão autoconfiantes e tão deficientes quanto ao conhecimento de si mesmos, bem como nas boas obras que as Escrituras consideram fruto do verdadeiro arrependimento.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Impacto Evangelistico
A visão é que através destes eventos a igreja possa cumprir seu papel profético-evangelístico de manifestar a multiforme sabedoria de Deus aos principados e potestades.
A visão focaliza mais a semeadura do que a colheita. Também valoriza as diferenças denominacionais viabilizando não apenas uma unidade passiva, mas ativa do corpo de Cristo. Encoraja e discipula as igrejas locais a ganharem a sua cidade para Cristo.
sexta-feira, 29 de março de 2013
Ellen White e a doutrina monstruosa.
Por Clóvis Gonçalves
No livro O Grande Conflito, existe uma declaração que
Leandro Quadros considera a síntese do pensamento de Ellen White sobre a
predestinação calvinista. Ei-la:
Estas monstruosas doutrinas são essencialmente as mesmas
que o ensino posterior dos educadores e teólogos populares, de que não há lei
divina imutável como norma do que é reto, mas que o padrão da moralidade é
indicado pela própria sociedade, e tem estado constantemente sujeito a mudança.
Todas estas idéias são inspiradas pelo mesmo espírito superior, sim, por aquele
que mesmo entre os habitantes celestiais, sem pecado, iniciou sua obra de
procurar derruir as justas restrições da lei de Deus.
Sai daí a base de Quadros para afirmar que a doutrina
calvinista é satânica. Essa afirmação encontra-se no capítulo 14, o mesmo em
que White menciona com aprovação o nome e as doutrinas de eminentes
predestinistas, entre os quais Martinho Lutero, Ulrich Zwinglio, John Knox,
John Bunyan, Richard Baxter, John Flavel, Joseph Alleine e George Whitefield: “O
grande princípio mantido por aqueles reformadores... foi a autoridade infalível
das Escrituras Sagradas como regra de fé e prática... A Bíblia era a sua
autoridade, e por seus ensinos provavam todas as doutrinas e reivindicações”,
disse ela sobre todos eles. Soa incoerente ela em seguida classificar a
predestinação, juntamente com o antinomianismo, como “monstruosas
doutrinas”, inspiradas por Lúcifer? Soa, mas coerência não é a
característica principal dos adventistas.
No entanto, há um fato desconhecido por muitos adventistas:
a declaração não é da pena de Ellen White. Trata-se de uma alteração feita W.
W. Prescott na edição de 1911 do Grande Conflito. Surpreso pelo espírito de
profecia precisar ser revisado e corrigido? Mas foi, aqui e em outros 105
pontos, apenas nessa edição da obra. O que White escreveu, e que consta na
edição de 1888, é: "Esta monstruosa doutrina é essencialmente a
mesma coisa que a alegação dos romanistas, de que ‘o Papa pode dispensar acima
da lei, e do errado fazer certo, pela correção e mudança nas leis”, e que ‘ele
pode pronunciar sentenças e julgamentos em contradição... com a lei de Deus e
dos homens’”. O filho de Ellen White questionou Prescott sobre a alteração
e este a justificou dizendo que a afirmação da senhora White estava errada e
que os adventistas se veriam em dificuldades se alguém pedisse a fonte da
declaração.
Além do todo da redação ter sido alterado, na versão
original, “monstruosa doutrina” está no singular e se refere ao antinomismo
apenas e não ao calvinismo conjuntamente. A autora compara “esta monstruosa
doutrina” com a revindicação romanista de que o Papa pode mudar as leis de Deus
e dos homens, dizendo em seguida que “ambas revelam a inspiração” do Diabo. O
singular, a referência ao romanismo e a palavra “ambas” tornam gramaticalmente
impossível inserir ali a “predestinação calvinista”, como faz
Leandro Quadros. São dois pontos a se ter em conta: as palavras não são de
Ellen White e ela não fez referência direta ou indireta à doutrina da
predestinação, mas unicamente ao antinomianismo e ao romanismo.
Seja como for, o fato é que Ellen White está trabalhando
sobre declarações que não são, de forma alguma, expressões da doutrina da
predestinação conforme entendida pelos calvinistas. Prova isso a própria fonte
utilizada por ela, a Cyclopaedia of Biblical, theological, and ecclesiastical
literature, de John McClintock e James Strong. Esta obra atribui a origem
moderna do antinomianismo a John Agricola, um dos primeiros cooperadores de
Lutero. Compreendendo erradamente algumas palavras de Lutero e Melâncton sobre
a justificação sem as obras da lei, Agricola apregoou a doutrina antinomiana e
foi por isso repreendido severamente por Lutero, não uma mas várias vezes, até
que admitiu publicamente seu erro e se reconciliou com Lutero. Desnecessário
dizer que Lutero era mais predestinista que Calvino e combateu duramente a
teoria do livre-arbítrio, veja-se seu Nascido Escravo para confirmar.
Segundo a mesma obra, o antinomianismo foi defendido nos
dias de Oliver Cromwell por um tal John Saltmarsh, que entre outras coisas
defendia o universalismo e a justificação eterna, ou seja, que os eleitos eram
justificados antes mesmo de nascerem, daí sua declaração de que “as
ações ímpias que cometem não são realmente pecaminosas, nem devem considerar-se
como violação da lei divina por parte deles, e que em conseqüência não têm
motivo quer para confessar os pecados, quer para com os mesmos romper pelo
arrependimento”, mencionada por White. Saltmarsh foi combatido por Samuel
Rutherford, calvinista escocês que participou da Assembleia de Westminster.
Mais tarde, o também calvinista Richard Baxter iria refutar seus ensinos.
Ao lado de Saltmarsh, os principais antinomianos da época
foram Crisp, Richardson, Hussey, Eaton e Town, segundo os mesmos McClintock e
Strong. E estes foram atacados e refutados com sucesso pelos calvinistas Thomas
Gataker, Andrew Fuller, Richard Baxter e, principalmente, por Daniel Williams,
além de outros. Embora escrita por teólogos de orientação wesleyana, a obra é
cuidadosa em distinguir entre hiper-calvinismo e antinomianismo de um lado e o
calvinismo dos reformadores de outro. Em nenhum lugar a obra referenciada
menciona o calvinismo como responsável pelo antinomianismo, portanto, se White
pretendeu dar essa impressão, agiu de má fé, se não foi o caso, seus
intérpretes é que a compreendem equivocadamente ou a distorcem deliberadamente
no calor do debate.
Creio que as palavras de Charles Spurgeon, extraídas de um
sermão pregado em 1859, deixam clara a posição calvinista conforme definida em
Wesminster e Dort: “Quantos danos tem sido causados às almas dos homens
por homens que só tem pregado uma parte, e não todo o conselho de Deus! Meu
coração sangra por muitas famílias sobre as quais a doutrina antinomiana
conquistou domínio... Não posso imaginar instrumento mais apto, nas mãos de
satanás, para arruinar almas do que o ministro que diz aos pecadores que não é
dever deles arrepender-se de seus pecados ou crer em Cristo”. Em seu The
History of Dissenters, no qual retrata a época referida, James Bennett diz que
o antinomianismo “não resulta do genuíno calvinismo”, como aquele que
“era familiar aos escritos e práticas dos grandes reformadores”, mas do “erro
que tem sido enxertado por aqueles que são mais ansiosos para abraçar certas
partes do que estudar para entender o todo”.
Em seu texto, Leandro Quadro menciona outras citações feitas
por Ellen White no Grande Conflito, recorrendo a John Wesley. A obra de John
Wesley não tão fácil de se analisar e cada citação deve ser analisada em sua
ordem no tempo, além do contexto em que foi feito. Demanda tempo e requer
espaço, ambos me faltam no momento, a Providência dirá se os terei no futuro.
Por ora, basta-nos concluir que a citação feita por Leandro Quadro como sendo
da senhora White e contra o calvinismo não é nem uma coisa, nem outra.
Soli Deo Gloria
Fonte: Cinco Solas
quinta-feira, 14 de março de 2013
Orgulho Espiritual Oculto - por Jonathan Edwards (1703–1758)
A primeira e a pior causa de erro que prevalece nos nossos
dias é o orgulho espiritual. Essa é a principal porta que o diabo usa para
entrar nos corações daqueles que têm zelo pelo avanço da causa de Cristo. É a
principal via de entrada de fumaça venenosa que vem do abismo para escurecer a
mente e desviar o juízo. É o meio que Satanás usa para controlar cristãos e
obstruir uma obra de Deus. Até que essa doença seja curada, em vão se aplicarão
remédios para resolver quaisquer outras enfermidades.
O orgulho é muito mais difícil de ser discernido do que
qualquer outra fonte de corrupção porque, por sua própria natureza, leva a
pessoa a ter um conceito alto demais de si própria. É alguma surpresa, então,
verificar que a pessoa que pensa de si acima do que deve está totalmente
inconsciente desse fato? Ela pensa, pelo contrário, que a opinião que tem de si
está bem fundamentada e que, portanto, não é um conceito elevado demais. Como
resultado, não existe outro assunto no qual o coração esteja mais enganado e
mais difícil de ser sondado. A própria natureza do orgulho é criar
autoconfiança e expulsar qualquer suspeita de mal em relação a si próprio.
O orgulho toma muitas formas e manifestações e envolve o
coração como as camadas de uma cebola – ao se arrancar uma camada, existe outra
por baixo dela. Por isto, precisamos ter a maior vigilância imaginável sobre
nossos corações com respeito a essa questão e clamar àquele que sonda as
profundezas do coração para que nos auxilie. Quem confia em seu próprio coração
é insensato.
Como o orgulho espiritual é mascarado por natureza,
geralmente não pode ser detectado por intuição imediata como aquilo que é
mesmo. É mais fácil ser identificado por seus frutos e efeitos, alguns dos
quais quero mencionar junto com os frutos opostos da humildade cristã.
A pessoa espiritualmente orgulhosa sente que já está cheia
de luz, não necessitando assim de instrução. Assim, terá a tendência de
prontamente rejeitar a oferta de ajuda nesse sentido. Por outro lado, a pessoa
humilde é como uma pequena criança que facilmente recebe instrução. É cautelosa
no seu conceito de si mesma, sensível à sua grande facilidade em se desviar. Se
alguém lhe sugere que está, de fato, saindo do caminho reto, mostra pronta
disposição em examinar a questão e ouvir as advertências.
As pessoas orgulhosas tendem a falar dos pecados dos outros:
o terrível engano dos hipócritas, a falta de vida daqueles irmãos que têm
amargura, a resistência de alguns crentes à santidade. A pura humildade cristã,
porém, se cala sobre os pecados dos outros ou, no máximo, fala a respeito deles
com tristeza e compaixão. A pessoa espiritualmente orgulhosa critica os outros
cristãos por sua falta de crescimento na graça, enquanto o crente humilde vê
tanta maldade em seu próprio coração, e se preocupa tanto com isso, que não tem
muita atenção para dar aos corações dos outros. Queixa-se mais de si próprio e
da sua própria frieza espiritual; sua esperança genuína é que todos os outros
tenham mais amor e gratidão a Deus do que ele.
As pessoas espiritualmente orgulhosas falam freqüentemente
de quase tudo que percebem nos outros em termos extremamente severos e ásperos.
É comum dizerem que a opinião, conduta ou atitude de outra pessoa é do diabo ou
do inferno. Muitas vezes, sua crítica é direcionada não só a pessoas ímpias,
mas a verdadeiros filhos de Deus e a pessoas que são seus superiores. Os
humildes, entretanto, mesmo quando recebem extraordinárias descobertas da
glória de Deus, sentem-se esmagados pela sua própria indignidade e impureza.
Suas exortações a outros cristãos são transmitidas de forma amorosa e humilde
e, ao lidar com seus irmãos e companheiros, eles procuram tratá-los com a mesma
humildade e mansidão com que Cristo, que está infinitamente superior a eles, os
trata.
O orgulho espiritual comumente leva as pessoas a se
comportarem de modo diferente na sua aparência exterior, a assumirem um jeito
diferente de falar, de se expressar ou de agir. Por outro lado, o cristão
humilde – mesmo sendo firme no seu dever, permanecendo sozinho no caminho do
céu ainda que o mundo inteiro o abandone – não sente prazer em ser diferente só
para ser diferente. Não procura se colocar numa posição onde possa ser visto e
observado como uma pessoa distinta ou especial; muito pelo contrário, dispõe-se
a ser todas as coisas a todas as pessoas, a ceder aos outros, a se adaptar aos
outros e a agradá-los em tudo menos no pecado.
Pessoas orgulhosas dão muita atenção a oposição e a
injúrias; tendem a falar dessas coisas freqüentemente com um ar de amargura ou
desprezo. A humildade cristã, em contraste, leva a pessoa a ser mais semelhante
ao seu bendito Senhor, o qual, quando foi maltratado não abriu sua boca, mas se
entregou em silêncio àquele que julga retamente. Para o cristão humilde, quanto
mais clamoroso e furioso o mundo se manifestar contra ele, mais silencioso e
quieto ficará, com exceção de quando estiver no seu quarto de oração: lá ele
não ficará calado.
Um outro padrão de pessoas espiritualmente orgulhosas é
comportar-se de forma a torná-las o foco de atenção. É natural que a pessoa sob
a influência do orgulho tome todo o respeito que lhe é oferecido. Se outros
demonstram disposição de se submeterem a ela e a cederem em deferência a ela,
esta pessoa receberá tais atitudes sem constrangimento. Na verdade, ela se
habituou a esperar tal tratamento e a formar uma má opinião de quem não lhe
oferece aquilo que pensa merecer.
Uma pessoa sob a influência de orgulho espiritual tende mais
a instruir aos outros do que a fazer perguntas. Tal pessoa naturalmente assume
ar de mestre. O cristão eminentemente humilde pensa que precisa de ajuda de
todo o mundo, enquanto a pessoa espiritualmente orgulhosa acha que todos
precisam do que ela tem para oferecer. A humildade cristã, sentindo o peso da
miséria dos outros, suplica e implora; o orgulho espiritual, em contraste, ordena
e adverte com autoridade.
Assim como o orgulho espiritual leva as pessoas a assumirem
muita coisa para si mesmas, de forma semelhante as induz a tratar os outros com
negligência. Por outro lado, a pura humildade cristã traz a disposição de
honrar a todas as pessoas. Entrar em contendas a respeito do cristianismo por
vezes é desaconselhável; no entanto, devemos tomar muito cuidado para não nos
recusarmos a discutir com pessoas carnais por as acharmos indignas de nossa
consideração. Pelo contrário, devemos condescender a pessoas carnais da mesma
forma como Cristo condescendeu a nós – a fim de estar presente conosco na nossa
indocilidade e estupidez.
- por Jonathan Edwards (1703–1758)
Fonte: Monergismo
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Resenha – Em defesa da fé
por - Alderi Souza de Matos
|
STROBEL, Lee. Em defesa da fé. Trad. Alderi S. Matos. São
Paulo: Editora Vida, 2002. 363 p.
Um dos maiores desafios enfrentados pelos cristãos é a
existência de certas questões espinhosas levantadas pelos céticos que parecem
pôr em cheque algumas afirmações centrais da fé cristã. Isto vem acontecendo
desde os primeiros tempos da igreja, como comprovam tanto os documentos do Novo
Testamento quanto os escritos dos apologistas e polemistas, os defensores
intelectuais do cristianismo no 2º e no 3º séculos. O mundo contemporâneo,
secularizado e pluralista, herdeiro do iluminismo e do racionalismo, continua a
fazer formidáveis questionamentos à fé cristã, questionamentos esses que são um
obstáculo para muitos descrentes e uma fonte de incertezas para um grande
número de cristãos. Essas objeções concentram-se em torno de questões como a
fidedignidade da Bíblia, a veracidade das alegações cristãs, bem como a
natureza e o caráter de Deus.
O jornalista e pastor norte-americano Lee Strobel, residente
em Orange County, Califórnia, resolveu examinar especificamente a questão da fé
e da dúvida diante das dificuldades intelectuais e teológicas levantadas pelos
críticos do cristianismo. Ele identificou oito dessas objeções mais
contundentes e entrevistou um igual número de especialistas cristãos no sentido
de respondê-las de maneira relevante para o homem moderno. Com esse livro,
Strobel dá continuidade a uma série de obras apologéticas que começou com Em
Defesa de Cristo (também publicado pela Editora Vida).
O ponto de partida de Strobel é a história de Charles
Templeton, um jornalista que se converteu, abraçou o ministério pastoral e
tornou-se companheiro de Billy Graham em suas primeiras campanhas
evangelísticas. Pouco depois, no entanto, Templeton foi vencido pela
incredulidade e abandonou as suas convicções cristãs. Eventualmente, escreveu
um livro sobre suas experiências, intitulado Despedindo-se de Deus: Minhas
razões para rejeitar a fé cristã. Ao ser entrevistado por Strobel, o
ex-pregador afirmou que o fato específico que o levou a perder a fé em Deus foi
uma fotografia publicada na revista Life. Nessa foto, tirada durante uma seca
devastadora, uma mulher africana segurava nos braços o filhinho morto e olhava
para o alto com uma expressão de desalento. Templeton disse que a partir
daquele momento ficou difícil acreditar em um Deus amoroso e misericordioso.
Os “oito grandes” enigmas examinados por Strobel são os
seguintes: (1) a existência de um Deus de amor diante da realidade da dor e do
sofrimento; (2) a crença em milagres em face dos postulados da ciência; (3) o
conflito entre as perspectivas da criação e da evolução; (4) o caráter de Deus
à luz de passagens bíblicas em que é ordenada a morte de crianças; (5) a
dificuldade de aceitar que Jesus é o único caminho para Deus quando milhões de
pessoas nunca ouviram falar dele; (6) o problema do amor de Deus diante da
realidade do inferno; (7) a violência e os erros da igreja cristã ao longo dos
séculos; e (8) as dificuldades daqueles que crêem, mas ainda têm algumas
dúvidas.
Os entrevistados foram, respectivamente, o filósofo católico
Peter John Kreeft, o apologeta e filósofo William Lane Craig, o cientista
texano Walter L. Bradley, o apologeta e escritor Norman L. Geisler, o
conferencista indiano Ravi Zacharias, o filósofo J.P. Moreland, o historiador
John D. Woodbridge e o pastor e líder cristão Lynn Anderson. Todos são
professores e autores bem-conhecidos nos círculos evangélicos norte-americanos.
Seis deles têm grau de Ph.D., em diferentes áreas.
Como Strobel declara, a partir da sua experiência pessoal
como ex-ateu, os problemas que o interessam são as objeções não somente
racionais, mas emocionais, que as pessoas levantam contra a fé, contra o
próprio ato de crer. Muitas dessas pessoas chegam a ver certos aspectos
atraentes no cristianismo, mas não conseguem transpor algumas barreiras que as
impedem de crer. A abordagem é interessante e acessível, devido ao estilo
jornalístico do autor e ao bom uso da técnica de entrevistas. Ao mesmo tempo, o
livro não deixa de ser profundo e instigante, em virtude do calibre dos
entrevistados, quase todos estudiosos há longo tempo dos temas que lhes foram
propostos. Cada capítulo termina com uma série de perguntas para reflexão
adicional e estudo em grupo.
A primeira objeção abordada, a questão do mal e do
sofrimento, é reconhecidamente uma das mais difíceis de responder. O entrevistado
argumenta que o poder, a onisciência e a bondade de Deus não conflitam com a
existência do mal. Este não é de modo algum resultado da ação divina, mas
decorre de escolhas humanas, do livre arbítrio. Não haveria verdadeira
liberdade no ser humano sem a possibilidade de escolha do mal. Isso levanta uma
pergunta, que deixa de ser respondida: E na eternidade, onde não mais existirá
a possibilidade do mal, as pessoas não serão livres? Ao abordar a segunda
objeção, a questão dos milagres, o entrevistado traça uma distinção
interessante entre os milagres atribuídos a Cristo pelos evangelhos e aqueles
atribuídos a Maomé pela tradição islâmica (Hadith), não pelo Alcorão. A questão
mais central no que diz respeito aos milagres é a da própria existência de
Deus, defendida com cinco argumentos: Deus dá sentido à origem do universo, à
complexidade do universo, aos valores morais objetivos e à ressurreição, e pode
ser experimentado imediatamente.
O capítulo sobre criação e evolução talvez seja o melhor de
todo o livro. Um respeitado cientista, autor de muitos livros e artigos sobre o
assunto, aborda com argumentos bastante pertinentes um elemento crucial que a
teoria da evolução e a ciência em geral até hoje não puderam explicar – a
origem da vida. As seis principais teorias sobre a chamada “evolução
pré-biológica” são rebatidas de modo convincente, ao mesmo tempo em que se
demonstra a única opção possível: a explicação teísta. O capítulo seguinte
aborda a difícil questão das crueldades atribuídas a Deus no Antigo Testamento,
o que levanta sérias indagações acerca do caráter divino. Vale lembrar que
essas preocupações existiram desde a Antigüidade, como atestam os
questionamentos de Márcion, no segundo século, e a predileção pelo método
alegórico de interpretação bíblica, tanto pelos judeus (Filo) como pelos
cristãos. Ainda que muitas histórias chocantes do Antigo Testamento não
impliquem em aprovação das ações descritas, mesmo assim existem diversas
passagens inquietantes, tais como 1 Samuel 15.3 e 2 Reis 2.23-24. A questão
mais profunda em jogo é a própria confiabilidade da Bíblia, a base para se
avaliar o caráter de Deus. São apresentados dois argumentos em prol dessa
fidedignidade: a confirmação pela arqueologia e as evidências de origem divina,
tais como as profecias e os milagres.
A quinta objeção diz respeito às alegações de exclusividade
e superioridade feitas pelo cristianismo em relação às outras religiões. Ravi
Zacharias, um indiano radicado nos Estados Unidos, lembra que outras religiões
mundiais fazem a mesma reivindicação. Ele argumenta sobre a importância da
ressurreição como atestado da divindade de Cristo, que é negada pelas outras
religiões. Só o cristianismo responde de maneira plenamente satisfatória quatro
questões fundamentais que toda religião procura elucidar: origem, significado,
moralidade e destino. Quanto à questão daqueles que não ouviram de Cristo, o
entrevistado levanta algumas possibilidades interessantes com base em passagens
como Atos 17.26-27 e Romanos 1.20 e 2.14-15. O próximo tópico, a existência do
inferno, possivelmente seja o mais difícil de todos. Segundo C. S. Lewis, “é
uma das principais razões pelas quais o cristianismo é atacado como algo
bárbaro e a bondade de Deus é impugnada” (O Problema do Sofrimento). O
entrevistado responde a nove objeções referentes a aspectos da doutrina do
inferno que parecem violar o senso humano de justiça.
A sétima objeção respondida tem a ver com as manifestações
de opressão e violência na história da igreja cristã. Como grandes manchas na
história do cristianismo, são citadas as Cruzadas, a Inquisição, os julgamentos
de feitiçaria em Salem (EUA), a exploração de nativos por parte de missionários
e o anti-semitismo. Exemplos adicionais são a opressão da mulher e a
escravidão. O entrevistado observa que tais práticas, certamente lamentáveis,
não depõem contra o cristianismo em si, mas são um atestado da incoerência de
muitos cristãos. O espírito do cristianismo aponta na direção oposta e tem dado
grandes contribuições à humanidade. O último capítulo do livro analisa a
questão da dúvida religiosa, suas raízes e diferentes manifestações. A fé e a
dúvida são coisas que podem coexistir. A dúvida pode ter um papel positivo,
quando leva a fé a tornar-se mais consciente, mais madura. Na conclusão, o autor
destaca a importância de se considerar o conjunto das evidências a favor da fé
cristã, ao invés de ficar preso a uma ou outra objeção isolada.
Em Defesa da Fé é um livro valioso sobre um assunto deveras
importante. Os diversos erros de revisão felizmente não prejudicam o
entendimento da argumentação. Em certos pontos os argumentos parecem forçados e
certamente só serão aceitos por quem já crê de antemão. Todavia, existe muito
material de grande valor apologético, vazado em linguagem atraente e acessível.
Talvez o maior senão do livro seja a sua ênfase arminiana na fé como
simplesmente “vontade de crer”, deixando de levar em conta a complexidade do
tema e a atuação misteriosa e imprescindível da soberania de Deus. No seu todo,
é uma obra que pode trazer benefícios inestimáveis tanto para cristãos quanto
para pessoas que buscam sinceramente a verdade sobre a fé cristã.
Fonte: Mackenzie
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