sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Qualificações dos Presbíteros: Apegado à Palavra Fiel

Parabenizo aos amados irmãos que foram ordenados ao presbiterato, Especialmente ao irmão Eduardo Paulo da IPB em Caraúbas/EN.
Introdução
Calvino começa o comentário em Tito 1:9 assim: "Este é o principal dom em um bispo, que é eleito principalmente por causa do ensino; porque a Igreja não pode ser governada de qualquer outro modo que não seja pela Palavra". De fato, os presbíteros em uma igreja devem ser os despenseiros da Palavra de Deus, a serviço do Espírito Santo para edificação do Corpo de Cristo.
Grego
• Em Tito αντεχομαι - antechomai

Strongs - apegado - apegar-se com firmeza; unir-se a alguém ou algo, prestando cuidadosa atênção ao mesmo /

Rienecker e Rogers - apegado - reter, suster. A preposição prefixada parece envolver uma leve idéia de reter algo contra alguém hostil. Esta idéia, no entanto, passa para a de "firme aplicação".
Outras versões
Outras traduções do mesmo termo em português:
Almeida Revista e Atualizada (ARA) apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem.
Nova Versão Internacional(NVI) e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela.
Almeida Revista e Corrigida(ARC) retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes.
Nova Tradução na Linguagem de Hoje(NTLH) Deve se manter firme na mensagem que merece confiança e que está de acordo com a doutrina. Assim ele poderá animar os outros com o verdadeiro ensinamento e também mostrar o erro dos que são contra esse ensinamento.
Tradução Brasileira(TB) sempre mantendo a palavra fiel que é segundo a doutrina, a fim de poder exortar na sã doutrina e convencer aos que contradizem.
Comentários
• Broadman – As boas credenciais pedagógicas dos presbíteros-bispos servem a dois propósitos: (1) a pregação da sã doutrina e (2) a refutação daqueles que a contradizem. Ao longo das pastorais Paulo enfatiza a importância do ensino correto e sadio. O ensino sempre desempenha um papel essencial na missão cristã. (...) O pregador competente também será capaz de refutar os oponentes. A palavra traduzida por "convencer" significa tanto "expor" quanto "convencer" (veja em 1 Tm 5:20; 2 Tm 4:2). A história da igreja mostra a necessidade tanto de instrução positiva quanto defesa. Quanto melhor a primeira, menor a necessidade da segunda.
• D. A. Carson (-)
• Jamieson, Fausset e Brown (-)
• João Calvino Apegado à palavra fiel. Este é o principal dom em um bispo, que é eleito principalmente por causa do ensino; porque a Igreja não pode ser governada de qualquer outro modo que não seja pela Palavra. "A palavra fiel" é o título que ele dá àquela doutrina que é pura e que procedeu da boca de Deus. Ele deseja que um bispo a agarre firmemente, para que não seja só bem instruído nela, mas que seja constante em mantê-la. Há algumas pessoas volúveis que facilmente se deixam levar por vários tipos de doutrina; enquanto outros são subjugados pelo medo, ou movidos por qualquer circunstância a abandonar a defesa da verdade. Paulo ordena então que sejam escolhidas pessoas que, depois de terem abraçado a verdade de Deus cordialmente, e segurando firmemente nela, nunca permitam ser arrancados ou afastados dela. E, realmente, nada é mais perigoso do que aquela inconstância de qual falei, quando um pastor não adere firmemente àquela doutrina da qual ele deveria ser o defensor inabalável. Em resumo, em um pastor é exigido não só conhecimento, mas tal zelo pela sã doutrina que o leva a nunca se afastar dela.

Mas o que significa de acordo com a instrução ou doutrina? O significado é aquilo que é útil para a edificação da Igreja; pois Paulo não costuma a dar o nome de "doutrina" a qualquer coisa que é aprendida e conhecida sem promover qualquer avanço da piedade; mas, pelo contrário, ele condena como vãs e improdutivas todas as especulações que não rendem nenhuma vantagem, independentemente de quão engenhosas elas em outros aspectos. Assim, "ou o que ensina esmere-se no fazê-lo", ou seja, trabalhe para fazer bem aos ouvintes (Rm 12:7). Em resumo, a primeira coisa requerida em um pastor é que ele seja bem instruído no conhecimento da sã doutrina; a segunda é, que, com firme coragem, sem vacilar, ele mantenha-se apegado a essa confissão até o fim; e a terceira é, que ele faça com que a maneira dele ensinar produza edificação, e que ele não, por causa de ambição, voe sobre as sutilezas da frívola curiosidade, mas busque apenas o sólido proveito da Igreja.

De modo que tenha poder. O pastor deveria ter duas vozes: uma para juntar as ovelhas; e outra, para repelir e afugentar lobos e ladrões. A Bíblia supre os meios para que ele faça ambos; porque aquele que estiver profundamente qualificado na Palavra será capaz tanto de governar aqueles que são ensináveis quanto refutar os inimigos da verdade. Este uso duplo da Bíblia, Paulo descreve quando ele diz que ele teria poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem. E portanto aprendamos, primeiramente, qual é o verdadeiro conhecimento de um bispo, e, em seguida, com que propósito deveria ser aplicado. O bispo que possui a fé correta é verdadeiramente sábio; e ele utiliza propriamente o conhecimento dele, quando ele o aplica para a edificação das pessoas. Este é um notável aplauso concedido à palavra de Deus, quando ela é pronunciada como suficiente, não só para governar o educável, mas para subjugar a obstinação dos inimigos. E, realmente, o poder de verdade revelada de Deus é tal que derrota todas as falsidades facilmente.
• John Gill Apegado à Palavra fiel - A doutrina do Evangelho, assim chamada porque é a verdade, e deve ser crida; é a palavra da verdade, e a própria verdade. (...) e isso deve não só ser pregado pelo presbítero, mas ser agarrado, e tenazmente conservado; em oposição a toda a indecisão, afastamento, queda ou ocultamento de qualquer parte dela e covardia em relação a ela; sejam quais forem as tentações, por aplauso popular por um lado, e repreensões e perseguições por outro; e mesmo que hajam muitos que queiram arrancá-la das suas mãos; veja 2 Tm 1:13.

"segundo a doutrina" quer dizer, de acordo com a doutrina da Bíblia, de Cristo e dos seus apóstolos; (...)

para que ele seja capaz, através da sã doutrina, de exortar e convencer os contradizentes; sã doutrina é a palavra fiel, as palavras sadias de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo retidas, qualificam um ancião para se desincumbir das seguintes ramificações do seu ofício: "exortar" os membros da igreja aos seus deveres, de acordo com a sua idade, sexo, estado e condição, como no capítulo 2 para os quais as doutrinas da graça influenciam e envolvem; (...) e a outra parte do seu trabalho que é convencer os contradizentes. Aquele que resiste à verdade, opõe-se a ela, criam sofismas sobre ela e a contestam; estes devem ser remoldados e convencidos pela Bíblia, e por argumentos extraídos dela, como os judeus foram por Apolo (At 18:28); e nada é tão poderoso para fazer isso do que a sã doutrina e a afirmação na palavra fiel.
• John MacArthur Sã doutrina bíblica não somente deve ser ensinada mas também agarrada com profunda convicção (cf. 1 Tm 4:6; 5:17; 2 Tm 2:15; 3:16,17; 4:2-4). Exortar e convencer - O ensino fiel e a defesa das Escrituras que encoraja a piedade e confronta o pecado e o erro (aqueles que contradizem).
• Matthew Henry (1.) Eis o dever: Apegar-se firmemente à palavra fiel, como ele foi ensinado, mantendo-se junto da doutrina de Cristo, a palavra da Sua graça, aderindo firmemente de acordo com as instruções recebidas - mantendo firmes sua própria convicção e profissão, e ensinando a outros. (...)

(2.) Eis a finalidade: Que ele seja capaz, pela sã doutrina, tanto a exortar quanto a convencer os contradizentes, persuadindo e atraindo outros à verdadeira fé, e convencendo os que se posicionam contra. Como ele poderia fazer isso se ele mesmo fosse inseguro ou instável, não agarrando-se firmemente à palavra fiel e sã doutrina que deveriam ser o tema deste ensino, e os meios e fundamentos de convencimento daqueles que se opõem à verdade? Nós vemos aqui resumido o grande trabalho do ministério - exortar aqueles que estão dispostos a saber e cumprir o seu dever e convencer aqueles que contradizem, o que é feito através da sã doutrina, quer dizer, de um modo instrutivo racional, pelas Escrituras - argumentos e testemunhos que são as palavras infalíveis da verdade - nas quais todos deveriam descansar e estar satisfeitos e decididos.
• New American Commentary Que ele deve ser "apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina" constitui a base da função doutrinal do presbítero como mestre e apologista do evangelho. (...) O presbítero "agarrar-se firmemente" ao ensino bíblico ortodoxo. Entretanto, manter crenças ou doutrinas corretas não é o bastante. Duas funções básicas do papel do ancião na igreja emanam da própria devoção pessoal dele à verdade da Palavra de Deus. (...) Do seu conhecimento do "ensino" apostólico (i.e., a "palavra fiel"), o ancião deve "encorajar" os crentes com a sã doutrina, ou seja, ensinando aquilo que não foi contaminado com erro. Esta função do presbítero necessariamente requer que ele seja um "estudioso da Palavra", pronto a aprender e disposto a comunicar o que aprendeu. A segunda função doutrinal do presbítero é que ele "refuta os que contradizem" (i.e., "a palavra fiel"). O verbo grego empregado aqui, elegchein, sugestiona uma dimensão educativa confrontando falsos mestres que contradizem a mensagem do evangelho. O objetivo da refutação do falso ensino não é destruir o oponente mas, ao contrário, restabelecê-lo na "sã doutrina". Isto necessariamente implica em que o falso ensino a que Paulo se refere estava vindo de dentro da igreja , ou seja, daqueles que professaram a fé cristã. Tal situação também exigiria que o presbítero fosse corajoso em sua disposição de confrontar um, assim chamado, irmão em Cristo.
• William MacDonald O bispo tem de ser apegado à palavra fiel, isto é, firme na fé. Deve agarrar-se tenazmente às saudáveis doutrinas espirituais ensinadas pelo Senhor Jesus e pelos apóstolos, e preservadas no NT. Só assim ele será capaz tanto de exortar pelo reto ensino como de convencer os que contradizem a verdade.
Conclusão
Esta qualificação mostra o presbítero como um homem que crê profundamente na verdade do Evangelho, conhece muito bem as Escrituras, e daria a própria vida por essa verdade. O presbítero é um homem da Palavra, trabalhado pela Palavra, e que aplica a verdade na vida da congregação. É também um destemido defensor da sã doutrina, contra os ataques que ela sempre sofre por parte do erro e do engano.
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Fontes
Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento – William MacDonald – Ed. Mundo Cristão
The Broadman Bible Commentary – Broadman Press
The MacArthur Bible Commentary – Thomas Nelson Publishers
Bíblia OnLine 3.00 – SBB
Definindo o que são presbíteros – artigo de D.A.Carson - http://www.bomcaminho.com/dac001.htm
The New American Commentary – Broadman Press
Chave Linguística do Novo Testamento Grego – Ed. Vida Nova

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Um alerta solene à igreja

Pastoral
Um alerta solene à igreja
Hoje é a segunda quarta do ano de 2012. É tempo de balanço, de reflexão, de tomada de decisões. É tempo de despojarmo-nos daquilo que foi apenas peso e comprometermo-nos com princípios e valores que deixamos para trás. Muito embora tenhamos recebido bênçãos sem medida, e todas como expressão da graça de Deus, reconhecemos que a igreja poderia ter sido mais santa, mais unida, mais operosa, mais dinâmica, mais alegre, mais cheia do Espírito Santo. O importante agora é avaliarmos onde falhamos e fazermos uma correção de rota para não repetirmos os mesmos erros e para buscarmos, com afinco, aquilo que deixamos de fazer. Cabe-nos, alinharmos nossas ações com os preceitos da Palavra, e vivermos de modo digno do Evangelho neste novo ano que recebemos. Para isso, três atitudes devem ser observadas:

1. Precisamos fugir do secularismo que mundaniza a igreja.O secularismo é uma realidade inegável. É a ideia de que Deus não interfere em todas as áreas da nossa vida. No domingo somos crentes; durante a semana vivemos a vida do nosso jeito e ao nosso gosto. O que vemos, ouvimos, falamos, fazemos ou deixamos de fazer não é mais regido pelos preceitos das Escrituras. Dicotomizamos a vida em secular e sagrado. Assim, namoro, casamento, negócios e lazer pertencem a área do secular e nessas áreas amoldamo-nos aos ditames do mundo e não aos preceitos da Palavra. Nossas festas, embora precedidas por um culto a Deus, estão se tornando cada vez mais mundanas, onde não faltam bebidas alcoólicas, músicas profanas, danças sensuais, e todos os apetrechos importados das boates mais especializadas no lazer mundano. O mundo está entrando na igreja e a igreja está se amoldando ao mundo. Colocamos o pé no freio ou a igreja será sal sem sabor e luz debaixo do alqueire. Voltamo-nos para Deus para consagrar todas as áreas da nossa vida a ele ou a igreja perderá seu poder, seu testemunho e sua relevância no mundo.

2. Precisamos fugir do legalismo que oprime a igreja. O legalismo é um caldo mortífero que adoece a igreja em nome da verdade. Os legalistas coam mosquito e engolem camelo. Brigam por aquilo que é secundário e transigem com aquilo que é essencial. Em nome do zelo espiritual ferem pessoas, perturbam a paz e quebram os vínculos da comunhão. Os legalistas agem como os fariseus que acusavam Jesus de pecado por curar no dia de sábado, mas não viam seus próprios pecados quando tramavam a morte de Jesus no sábado. Os legalistas são aqueles que reputam a sua interpretação das Escrituras como infalível e atacam como os escorpiões do deserto aqueles que discordam da sua visão extremada, chamando-os de hereges. O legalismo é fruto do orgulho e desemboca na intolerância. Em nome da verdade, sacrifica a própria verdade e insurge-se contra o amor. O legalismo é reducionista, uma vez de repudia todos aqueles que não olham para a vida pelas suas lentes embaçadas. O legalismo professa uma ortodoxia morta; uma ortodoxia sem amor e sem compaixão. Não podemos caminhar por essa estrada. Aqueles que o fizeram no passado colheram frutos amargos. Acautelemo-nos!

3. Precisamos fugir do liberalismo e do sincretismo que atacam a igreja. O liberalismo tira da Escritura o que nela está e o sincretismo acrescenta a ela o que nela não pode estar. O liberalismo nega a inerrância e a infalibilidade da Escritura e o sincretismo nega a suficiência da Escritura. A igreja de Deus é aberta a todos, mas não aberta a tudo. Devemos acolher as pessoas sem acepção, mas não podemos abrigar tudo sem exceção. As pessoas devem ser aceitas na igreja; não o pecado. Não podemos tolerar o erro. Não podemos transigir com falsas doutrinas. Não podemos fazer vistas grossas aos falsos ensinos. Não podemos abrir nossas portas às novidades do mercado da fé. Não podemos transigir com a verdade para atrair pessoas à igreja. Não podemos negociar princípios e valores para buscarmos o crescimento da igreja. Nosso compromisso é alimentar as ovelhas e não entreter os bodes. Que Deus nos ajude a caminharmos vitoriosamente em 2012!

Rev. Hernandes Dias Lopes